A Teosofia em geral tem uma forte influência nos novos ensinamentos, especialmente em suas vertentes históricas centralizadas em Helena P. Blavatsky e sua sucessora espiritual Alice A. Bailey. Porém, dentro das revelações do Plano da Hierarquia, procura-se hoje dar uma cor mais “científica” ao tema, tratando basicamente de retirar os véus remanescentes, além de apurar sínteses e agregar idéias complementares, como seria a questão social e a própria espiritualidade e iniciação. Esta é a origem da “Teosofia Científica”, uma doutrina promissora que trabalha basicamente com a Ciência dos Ciclos. Uma Teosofia Científica reuniria -nada mais e nada menos- que os dois pólos extremos do conhecimento (espiritualidade e ciência), preenchendo daí todo o leque do humano saber.

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Os mistérios dos tempos


Os mistérios teosóficos das rondas e das raças é profundo, e por isto muita vezes também confuso. A confusão entre astronomia e astrologia é a mais corrente, levando a tomar símbolos cósmicos por realidades históricas.

Também se tem misturado indevidamente símbolos e questões espirituais, com natureza humana e material. Além da mistura ainda mais séria entre realidades paralelas (nem falemos do erro crasso e não-incomum, de confundir raças com sub-raças), como são as evoluções conjuntas da Hierarquia e da Humanidade -aliás, esta integração é que determina a natureza de uma raça-raiz, que é uma humanidade em evolução espiritual.

E isto é muito importante de entender, porque a História da espiritualidade humana não é somente uma Historia das elites místicas e divinas, tendo a humanidade como um reino passivo e expectante, mas sim de todo o planeta em evolução conjunta.

Um dos grandes mistérios destes saberes, reside na polêmica questão das raças ocultas, que são as primeiras. Na verdade, esta ocultação é uma maneira vaga de aludir a uma das realidades mais desconhecida dos Mistérios do Tempo, que é a questão do pralaya ou da Noite de Brahma, tema também associado à chamada Ronda Interna dos mistérios teosóficos.

Porém, antes de adentrar realmente neste tema, devemos deixar esclarecida a natureza dos ciclos de que estamos tratando. Raças são ciclos de 5 mil anos (também conhecidos como “eras solares”), menos relacionadas com a cor da pele, do que a um ambiente continental de evolução, porta-voz de certo modelo civilizatório a se desenvolver, como forma de promover uma dada iniciação coletiva.

Estas raças se desenvolvem dentro do Ano cósmico de 26 mil anos, cabendo daí cinco delas, e mais um milênio de transição. Por aí já podemos ver, que a tese das sete raças se torna, literalmente, uma impossibilidade prática, embora simbolicamente e numa escala oculta, ela ainda se viabilize.

Os anais teosóficos colocam um marco fundamental nesta evolução, pela chegada à Terra da “divindade” chamada Sanat Kumara e seus quatro Irmãos, em meados da terceira raça-raiz, a Lemuriana, no centro de Shambala. Ora, notavelmente, a chegada dos Kumaras incide sobre a metade do tempo cósmico e corrobora o corte supremo no tempo, paradigma verdadeiro da ciclo-avatarização, portanto. Os cinco Irmãos divinos também definem o Plano Geral desta evolução cósmica, com seu Pentagrama central, e se diz que estes Irmãos seriam os futuros Manus das sucessivas raças-raízes esta ronda (o tema se confunde com o mito dos querubins e das esfinges).

O diagrama abaixo, ajuda a visualizar toda esta questão.


Acima: o Ano Cósmico, as Eras zodiacais e as Eras solares (raças-raízes)

As raças estão demarcadas pelo Grande Pentagrama, inscrito dentro do círculo do Ano cósmico com suas doze Eras siderais. São elas:
(1ª Raça-raiz: Hiperbórea)
(2ª Raça-raiz: Austral)
3ª Raça-raiz: Lemuriana
4ª Raça-raiz: Atlante
5ª Raça-raiz: Ariana
6ª Raça-raiz: Teluriana (Americana)

O pentagrama possui uma dignidade própria dentro do ciclo cósmico, pois, como vimos mais acima, o valor 5 é uma espécie de “raiz quadrada” do Ano cósmico: 5x5 mil anos = 25 mil anos. Provavelmente, também se poderia associar este símbolo à presença da Hierarquia na “co-regência” da evolução racial. E nisto, ainda podemos ver a meta remota da atual evolução cósmica, cabendo se harmonizar com a idéia da Cruz, que realmente rege esta evolução “Elemental” ou quaternária humana. A base vigesimal da cultura atlante, em especial, parece buscar esta harmonização 4x5, sendo a raça atlante considerada a mais característica ou apenas a primeira raça realmente humana desta ronda. Enfim, seria necessário haver ao menos uma raça oculta, porque a presente evolução humana é quaternária.

Aquário e Capricórnio têm por regência comum Saturno/Sétimo Raio, por isto estes signos estão nos “pés” terrenos da evolução mundial. Este fator coloca o ponto Alfa-Ômega no Solstício Cósmico de Inverno, em Capricórnio, de modo que a metade da terceira raça incida no hemiciclo cósmico, ou no Solstício Cósmico de Verão (os signos dos solstícios/equinócios cósmicos não correspondem com exatidão aos do ano solar, por causa da precessão dos equinócios e pelo sentido precessional deste ciclo). O fato do ciclo todo iniciar na sétimo fase (sob Saturno), acontece também em calendários solares, como é o cristão, de resto relacionado ao mito do Natal. Se trata aqui apenas de “começos relativos” e de iniciação espiritual, a chamada “Porta dos deuses” do solstício de inverno.

Aquilo que se percebe então, tendo em vista que nos achamos agora ao final da quinta raça-raiz, situada quase no final de tudo (quer dizer, no ocaso de toda uma ronda mundial), é que Sanat Kumara apareceu lá na “metade dos tempos”.

Neste quadro, também podemos identificar uma série de eventos presentes nos mitos e nos relatos tradicionais, e até nos fatos históricos, tais como:

3ª Raça-raiz: Para Ibn Arabi, o mundo foi criado (organizado?) em Libra, início da terceira raça, a primeira dotada de humanidade-em-evolução. Vale também notar a importância de Tula como pólo primordial na tradição atlante, pois tula é palavra que significa Libra ou Balança (signo) na Índia e na China, além de nomear as Cidades sagradas dos nahuas do México antigo. Kumara significa “Virgem”, signo no qual teria aparecido Shambala (como também sucedeu a Jesus). O signo seguinte de Leão, ajuda a determinar o mito solar da realeza, pois Sanat Kumara é a cabeça do Governo Oculto do Mundo. A suposta raça dos cíclopes, tem na verdade relação com a conquista da iniciação solar (terceiro grau) por parte da Loja Branca, de modo que não se tratava de raça, e sim da Alta elite espiritual dirigente. Aqui acontece a primeira iniciação coletiva da humanidade, pela “entrada na senda”, não de toda a humanidade, mas de um setor seu, a raça lemuriana, através das suas sucessivas sub-raças, graças ao batismo na luz alcançado sob a revelação do Deus universal.

4ª Raça-raiz: Câncer é o grande signo atlante, regido pelas águas que definiram a essência e o destino desta raça-raiz. Gêmeos trouxe à luz a busca pelo conhecimento e determinou as primeiras formas de escrita e de registro, para fins burocráticos e espirituais. Aqui teve origem o mito da imortalidade humana, na medida em que a Hierarquia dos Arhats também alcançou a iluminação, e não somente a divindade ou os avatares, ainda que a humanidade como tal, ainda tardaria duas raças para ter acesso a isto (é a sua atual nova capacitação, na verdade, no pós-2012). Aqui ocorre o desenvolvimento do plano emocional da humanidade, ocasionando o fomento da magia, e também um incremento da sexualidade, graças aos recursos econômicos igualmente desenvolvidos nesta raça através da agricultura. Tudo isto irá resultar na lenda do dilúvio, que significa tanto a cultura-de-massa quanto a ilusão coletiva, além de catástrofes ambientais com águas, após o degelo da última glaciação.

5ª Raça-raiz: Touro marca a arquitetura grandiosa dos primórdios da Raça árya, assim como a riqueza da raça atlante. Áries define a sua fase belicosa, aristocrática, e idealista –naquilo que representa, de resto, a grande marca desta raça-, assim como Peixes assinala o seu final devocional. A Hierarquia conquista aqui a quintessência, o Adeptado Asekha (“Mestres”), implanta a Civilização para coordenar o conjunto das energias humanas, e passa a administrar regularmente junto à humanidade uma energia diretora supra-humana, preparando a superação da condição humana e a futura ascensão da Terra.

6ª Raça-raiz: A energia intelectual de Aquário prenuncia a sexta raça, não obstante já estar embutida numa outra esfera cósmica, como veremos. A Hierarquia alcançará a sextessência, sob a égide dos Chohans ou “Senhores”, unificando o planeta sobre as bases colocadas pelas Lojas raciais anteriores. A difundida idéia de que a Nova Era abre uma nova Idade de Ouro, detém uma verdade básica no tocante à nova raça que vem abrir. Numa outra escala, poderia haver a tentativa da aproximação da Krita Yuga/Idade de Ouro do pralaya, sobretudo se considerarmos que este ciclo detenha uma estrutura evolutiva similar à do manvantara, o que não representa, todavia, ainda um ponto pacífico. Pois na verdade, a nova ronda começa apenas em meados da nova raça e depois da Nova Era, em Capricórnio, quando se estabelecerá o definitivo “reino de Deus”. Em função disto, Alice A. Bailey afirma que esta sexta raça não se concluirá, e por esta razão não haverá uma sétima raça-raiz na ronda atual. Toda a eventual idéia de continuação racial, depende aqui de se entender estas Hierarquias remanescentes como frutos da evolução anterior, porém sem um contato maior com as novas raças em formação na Terra.

Assim, aquilo que se percebe, é um vasto silencio acerca das Eras anteriores, de Aquário a Escorpião, e a rigor esta obscuridade, própria do pralaya cósmico (ver diagrama acima), vai até a chegada de Sanat Kumara, quando somente então começam os relatos da evolução espiritual da Terra.

Quase tudo o que existem, são as vagas alusões raciais “etéricas” dos teosofistas, e os relatos simbólicos de avatares originais nos Puranas, geralmente velados por formas animais e alusões astrológicas. Quiçá a incidência do “Solstício de Inverno cósmico”, tenha influenciada a idéia da raça “Hiperbórea”, ainda que a verdadeira era glacial pareça ter ocorrido, paradoxalmente, apenas mais tarde e no solstício oposto. Já a idéia da fusão dos sexos pode ter a ver com Escorpião, na segunda raça primitiva (sujeita a dualidade do trato emocional intensivo), eventualmente com alguma espécie de homossexualidade mais ou menos difusa, prévia a uma organização definitiva da sexualidade humana que teria acontecido na terceira raça.

Afinal, a evolução espiritual humana era muito precária, e não havia uma integração com a Hierarquia. A espiritualidade estava reduzida às elites do xamanismo, não existia uma religião popular, baseada numa promessa ou numa preparação de salvação universal ou coletiva, um plano de evolução suficientemente consistente que pudesse ser aplicado a todos.

Na esfera espiritual, prevalecia por isto uma espécie de anarquismo místico, o autodidatismo era grande, mas aos poucos se foram organizando as escolas iniciáticas, até em função da necessidade de se regulamentar certos procedimentos perigosos nesta ou naquela acepção, e determinar os cânones da evolução segura. A chegada dos Kumaras marca um amadurecimento neste processo, pela abertura de uma autêntica Escola Iniciática, com métodos tão perfeitos e elevados, que representava a plena legitimação da autoridade espiritual, sob a suprema conquista da iluminação e da imortalidade, e na verdade de uma forma autodidata.*

 Já não se tratava apenas da experiência da consciência, mas da definitiva “conquista da serpente”, a ascensão de Kundalini e a iluminação científica, sob o controle da Palavra sagrada. O epíteto Sanat (“Eterno”) diz respeito a esta condição dos Kumaras, pois Sanat iniciou/iluminou os seus irmãos espirituais, constituindo a Ordem dos Kumaras (mais ou menos como o Buda iniciou os seus antigos parceiros de buscas espirituais ascéticas). O caminho da salvação havia sido finalmente encontrado, e a infância do homem havia acabado.

Numa outra escala, o ciclo do anarco-espiritualismo será retomado doravante, pela chegada de um novo pralaya. Se valer a pena especular sobre isto (afinal, ainda faltam dois mil anos para realmente se chegar lá), podemos dizer que o ingresso na Quinta Ronda representa a superação da condição humano-humana. Cada homem terá que aprender a ser o mestre de si mesmo, o que tampouco significará, todavia, a possibilidade de se dispensar modelos, instruções e referências.**

Apenas não haverá mais aquele “crédito” ou processo humano de evolução que atualmente se providenciou, através da reencarnação e da expiação divina. Não se trabalhará mais com o tempo, e aquilo que se fizer será colhido de imediato, num mundo em que não existirá mais espaço para grandes erros ou postergações. Indubitavelmente, protelar será desistir, de modo que se deverá tratar de conseguir o máximo de informação possível, buscar ao ambientes mais propícios, para ali se realizar os esforços necessários.

A primeira metade da ronda futura, estará ocupada por experimentos na direção desta autonomia almejada, através de elites de buscadores, incluindo aqui intensos trabalhos de preparação da Terra para as novas coisas (tal como a limpeza da poluição e a restauração da Natureza), dentro deste período de interiorização e de estabilidade cósmica, até que na segunda metade da ronda, as coisas se engrenem realmente e tenha início as civilizações futuras, seguramente já não sob formas tão destrutivas como tem sido neste ciclo humano médio de evolução, mas sob um estado de harmonia geral.

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* O autodidatismo é uma marca forte do xamanismo, que as ordens divinas herdaram, trazendo sempre a forte marca do pioneirismo. Todo avatar deve se iniciar e se iluminar por esforços próprios, claro que seguindo ensinamentos adequados e orientação interna correta. Já a Hierarquia segue uma Ordem mais terrena, intermediária, e todo mestre integra a princípio uma linhagem histórica.
** Muito mais então, se deve dizer da humanidade-“humana” atual, que sequer tem acesso à quintessência. Sem a orientação da Hierarquia, o ser humano médio mal alcança dar um passo sem cair no abismo. Se ele age tropeça, se ele não age cai. O homem ainda precisa prender muita coisa sobre si mesmo, para poder começar a pensar a se liberar. A força que ele detém como ente coletivo e como reino de robusta saúde física (afinal, a Humanidade integra e consuma o plano dos Quatro Elementos da Natureza), lhe confere muitas ilusões sobre os seus poderes, mas que a morte ceifa totalmente caso ele não entre na senda da Verdade, tal como aconteceu com a humanidade lemuriana na época do Manu Sanat Kumara, transformando o caos em verdadeiros elementos-de-evolução.
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Da obra "A Espiral do Tempo", LAWS

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