Ashram solar é uma fundação espiritual, derivada de u’a manifestação hierárquica. Ainda que no seu sentido lato e original um ashram represente um núcleo físico onde um Mestre se apresenta cercado por seus discípulos, num sentido mais universal um ashram é um núcleo de cultura espiritual centralizado por um Mestre iluminado, podendo incluir até mesmo um Estado, nação ou império. Por extensão, é toda aquela energia de alguma forma ligada a este núcleo espiritual e a tal Mestre.
Os ashrams tratam-se, pois, em sentido amplo, das Dinastias de Iluminados que regem uma raça-raiz. Uma raça-raiz representa “uma formação humana regida ao nível de Alma”. Para isto, é necessária a assistência da Hierarquia, de forma direta e presente. É este aspecto que representa então os ashrams: dinastias de Reis solares ou linhagens de Mestres Iluminados, a governar ocultamente u’a humanidade espiritualmente orientada.
São estes, pois, os ashrams raciais em vista em cada raça-raiz, abertos com a chegada de Sanat Kumara e a organização da Hierarquia de Luz no planeta:
a. SHAMBALA ..... Raça Lemuriana
b. IBEZ ................... Raça Atlante
c. AGARTHA ......... Raça Arina
d. ALBION ............. Raça Americana
Como ocorreu com as raças, os três primeiros Ashrams são preparatórios para o último, agora em formação, conclusivo e que expressa as energias mais características desta Quarta Ronda.
Veremos pois a natureza, a localização e a função dos quatro grandes Ashrams desta Quarta Ronda Planetária, com sua dinâmica espiritual interna, relacionada às raças-raízes com as quais se associam. Tal como as raças foram reveladas por Blavatsky, os rudimentos dos presentes saberes fora dados por Alice A. Bailey em obras como “Um Tratado de Magia Branca”, e completados e desenvolvidos por nós, tornando-se uma das marcas do presente ciclo de revelações da Loja.
A. Shambala – O Nascimento da Mente
A cultura espiritual do planeta nasceu com Shambala e sob o signo da Mente, na Terceira Raça-Raiz, dita Lemuriana. A Lemúria representa, assim, o mais antigo berço de cultura espiritual do planeta. Por Lemúria denominamos a Eurásia e, em especial, a África antigas.
Shambala é a Loja Una, o “Templo do Sol”, o grande ashram original surgido durante a vigência da cadeia planetária de Vênus. Foi trazido à luz pela dispensação espiritual do Mestre divino, Sanat Kumara, junto a seus Quatro Irmãos “venusianos”, Sanaka, Sananda e Sanâtama, expressões do quádruple Logoi, regentes do presente Mandala mundial e patronos de seus quatro ashrams.
Sua localização precisa foi, segundo consta, sobre o deserto de Gobi, que na época era um Mar interior (como revelam as miríade de conchas e a grande salinidade lá existente). A “Cidade das Portas”, como também era chamada, ficava sobre uma formosa ilha, simbolizando o caráter insular (ou seletivo) de todo o novo experimento cultural superior, ou mesmo para proteger algo tão especial e importante. Certamente é preciso proteger o superior e o sagrado, se é que queremos que a luz divina se manifeste e permaneça no mundo.
Reza a tradição que Shambala não foi um ashram manifestado, tendo se mantido antes nos “níveis etéricos”do planeta (o mesmo é dito das duas primeiras raças-raízes, por razões particulares). E ela ainda lá se encontraria, sobre o Gobi, nos planos etéricos, pela necessidade de existir um núcleo “inatingível ao Mal” (é o significado de “Agartha” segundo o marquês de Saint Yves d’Alveydre) que grassa normalmente no plano físico denso.
Mas, a permanência “etérica” de Shambala em suas origens pode ser entendida também como a impossibilidade havida da Hierarquia poder influir diretamente sobre a humanidade de então, devido ao estado precário daquela raça. A Terceira raça-raiz era muito primitiva desde o ponto de vista espiritual, posto que se relacionava ainda ao Reino Animal (Terceiro Reino), de modo que os instintos animais se encontravam ainda muito vívidos e ativos, fazendo com que se identificassem aos animais, como ainda hoje se observa os xamãs fazerem. A porta da individualização animal estava aberta, passando a ser fechada aos poucos com a chegada da Hierarquia, pois se tornava necessária uma evolução mais rápida e a redefinição dos reinos.
Finalmente, deve-se considerar as condições em que se achava a própria Hierarquia. Afinal, a Hierarquia recém estava chegando ao planeta, e dando os seus primeiros passos num processo de auto-implantação.
Devemos ver que a Hierarquia desenvolve em cada raça apenas aquelas iniciações correspondentes ao seu número e posição racial. Assim, na terceira Raça-Raiz, a Hierarquia não pode contar mais que com Iniciados solares de grau básico (Terceira Iniciação), no plano físico. Na prática, isto sequer expressa uma manifestação hierárquica, se considerarmos que o Adeptado, que é a primeira condição supra-humana, somente seria acessível na raça árya. A Hierarquia então não contava com pessoal, especialmente com gente da Terra capacitada, mas apenas com os seres venusianos e seu séquito imediato. Todavia, a humanidade era muito mais atrasada do que isto, de modo que a “ponte do futuro” deveria ser traçada. De resto, a iniciação solar provê um definido alinhamento com a Mônada e com Shambala.
Sucede porém que “o nome traz a mensagem”. Asim, na própria palavra Shambala temos a chave do trabalho dos iniciados da Loja lemuriana, ou seja: “poder (bala) da meditação (c’han)”, uma vez que a ioga do plano mental dá acesso às energias da Mônada, através da qual se contata diretamente o reino de Shambala, de início em termos espirituais.
Assim, tudo o que pode ser realizado neste primeiro momento, foi certa influência etérica sobre o plano mental concreto da humanidade, por meios telepáticos sobretudo, permitindo à raça lemuriana gerar algumas sínteses intelectuais de caráter astronômico e agrícola, elaborando os primeiros traços de cultura superior, ao lado de começar a organizar alguns grupos xamânicos com maior receptividade na esfera da Alma. Por outro lado, a Tradição Solar teria realmente início neste ciclo, ainda que de forma incipiente e simbólica. As culturas solares do Egito, do Médio Oriente e das Américas, são reminiscências (e revivescências) desta Tradição Primordial, através de momentos inaugurais análogos, em cada nova Raça, ao do surgimento de Shambala.
A Loja que atualmente representa este ashram original se encontra no Sul da Índia, entre os descendentes dos drávidas, que é uma raça negra muito evoluída, tendo criado as bases yogues do hinduísmo durante a civilização do Indus, a qual recebeu influência atlante (ou ibeziana) através da Caldéia.
B. Ibez– O Despertar da Alma
Com a crise cultural sucedida no Oriente pela chegada de Shambala, um novo pulsar de luz teve início no Ocidente, onde a Hierarquia pode se organizar e integrar-se à humanidade como cabe.
B. Ibez– O Despertar da Alma
Com a crise cultural sucedida no Oriente pela chegada de Shambala, um novo pulsar de luz teve início no Ocidente, onde a Hierarquia pode se organizar e integrar-se à humanidade como cabe.
Com isto a raça atlante representou a primeira expressão humana autêntica, e como resposta ela recebeu no seu seio os primeiros Mestres de Sabedoria. O Templo de Ibez representou a primeira manifestação efetiva da Loja Una, e sua área de influência abrangia de início toda a região central da América do Sul (cf. O Tibetano em Tratado Sobre Magia Branca, de Alice A. Bailey). Destinava-se a coordenar os rumos da Quarta Raça-Raiz, a Atlante. O termo IBEZ é uma alusão às iniciais das quatro expressões do Logos, ou seja: aos Quatro Kumaras que apareceram na cadeia venusiana da Terra para formar Shambhala, e aos quais Sanat Kumara começou a delegar poderes especiais.
Eis como o Tibetano apresenta a primeira manifestação da Loja Una no planeta, no seio da raça atlante:
“Foi decidido há cerca de dezessete milhões de anos atrás (a vinda da Hierarquia e a fundação de Shamballa tendo sido há cerca de dezoito milhões e meio de anos atrás) ter no plano físico denso uma organização e um quartel-general para os mistérios e ter um grupo de Adeptos e Chohans que deveriam funcionar nos corpos físicos densos e assim ir de encontro à necessidade da humanidade que rapidamente despertava-se.” (Bailey, op. cit.)
Tais datas, como é comum em ocultismo, são antes simbólicas e esotéricas, requerendo a aplicação de determinadas chaves para a sua correta compreensão. Como vimos em outro Capítulo, estas datas devidamente transladadas alcançam cerca de 50 mil anos.
E onde localizava-se, mais precisamente, este Templo? É dito que esta fundação foi realizada “no centro da América do Sul”. Alguns tendem então a relacionar isto ao atual centro geográfico desta vasta região (situado hoje entre a Serra do Roncador e a Chapada dos Guimarães, no Brasil), sem ter em conta o quão diferente era na época a sua morfologia. Sabe-se, por exemplo, que a própria Amazônia era então apenas um vasto Mar interior, assim como o Pantanal do Mato Grosso, embora o Planalto Central do Brasil seja realmente uma das regiões mais antigas do mundo, assim como o centro-oeste da Argentina, onde alguns dos fósseis mais antigos têm sido encontrados. Fica, no entanto, muito difícil sustentar literalmente esta hipótese, se considerarmos, por exemplo, que no atual centro geográfico do Subcontinente não existem vestígios do que possa ter sido um dia um grande núcleo esotérico mundial, possivelmente o coração de um vasto império solar, mesmo considerando que a raça atlante tivesse propensões naturalistas e nômades sem tendências para organizar edificações permanentes. Qualquer idéia de “templo” assumiria talvez um caráter excessivamente abstrato neste quadro, mesmo diante da centralidade atlante. A exceção seria a cultura áryo-atlante tardia, que data todavia ao período áryo do Oriente.
De modo que julgamos bem mais apropriado considerar neste contexto antes o centro cultural ou solar da América do Sul, do que propriamente o geográfico. E isto provavelmente nos remete aos Andes, ou mesmo à Ilha da Páscoa. De fato, três localidades antigas comportavam uma conotação central em seus nomes: a Ilha da Páscoa (no dialeto local Te Pito o te henua quer dizer “umbigo do Mundo”), Cuzco (“umbigo”, em quéchua) e Tiwanaco (em aimará Taypicala, que significa “A Pedra do Centro”).
A primeira apresenta uma simbologia central já face seu caráter insular e o evidente contexto esotérico que revela, dotada inclusive de uma cultura superior que lhe proporcionou a escrita (a única comprovada no contexto sul-americano, na medida em que se possa incluir-lhe a distante ilha). Fez-se necessário ativar este núcleo isolado para sediar a primeira grande fundação espiritual externalizada do planeta, onde ficaria protegida dos conflitos sempre latentes na suscetível raça atlante. Sabe-se que possuía vínculos com as culturas do Lago Titicaca e outras da costa do Peru, onde também existiam avançadas civilizações, já que vários elementos presentes na ilha apenas podiam ter vindo de lá (como a batata e a totora, o versátil junco do Lago), além de mitos e tradições como a dos orelhas compridas (sinal de nobreza, também observado no Oriente) e dos homens-pássaros (os altos iniciados). Além disto, o fato de situar-se sobre o paralelo 30 (centro solar do hemisfério) acrescenta à Rapa Nui (outro nome da Ilha da Páscoa) um caráter central luminoso, sobretudo porque foi ponto de encontro de culturas. Mas, mesmo que tenha sido um Centro importante –talvez mesmo uma Escola de Mistérios original ou um núcleo régio específico do tipo Machu Picchu, onde eram criados os filhos do Inca– ficava demasiado longe e isolado para se edificar ali um Império solar (sua missão seria antes polar, central e original), de modo que se começou a construir Tiwanaco para tais fins. De qualquer forma, inclusive por sua aparente antiguidade, a Ilha da Páscoa parece ter sido o local mais provável para aquele centro de luz atlante original chamado IBEZ. Uma fundação espiritual certamente discreta ainda, no contexto da própria raça atlante, mais voltada para a semeadura posterior do que propriamente para uma irradiação imediata. De certa forma tudo isto amadureceu na época árya através dos povos de Anahuac e Tiwanaco. Nem sempre uma Fundação divina revela-se de imediato; o obscuro “rei-Escorpião” do Egito, fundador “mítico” das dinastias clássicas –e cujo túmulo foi recentemente encontrado–, foi o grande Avatar daquela época mundial, e apareceu alguns séculos antes da unificação do Império por Menés.
Pois Tiwanaco também é muito impressionante e dela se sabe um pouco mais. Centro cerimonial importante e cidade sagrada, situada hoje a uns 20 kilômetros ao sul do Lago Titicaca (em sua época às margens do Lago, que era bem maior), diziam os incas que foi o berço da cultura andina superior, renascida ali após um grande dilúvio que, certamente, tem um caráter simbólico (representando um interlúdio cultural). Estes mitos revelam na verdade um renascimento cultural pós-atlante, posto que antes e durante o dilúvio, a cultura solar foi preservada na distante Ilha da Páscoa. As lendas falam da Ilha do Sol, situada no Titicaca e de onde teria vindo o primeiro Inca, mas sabemos que esta é uma referência simbólica, pois não se poderia revelar o Núcleo verdadeiro da Luz, ou o local da sede da Loja Una.
Apesar de raros, devido à grande destruição que tem sofrido através dos séculos, os traços culturais superiores de Tiwanaco são ainda suficientes para surpreender e nada deixam a dever a nenhuma civilização avançada, em termos de arquitetura (lembrando muitas vezes a dos gregos), astrologia, manufatura (cerâmica), etc. É considerada o berço da cultura solar andina, simbolizada por sua famosa Porta do Sol. Diz-se que a cidade não chegou a ser concluída quando começou a ser devastada por invasores vindos do sul, mas sabe-se que a área de influência de Tiwanaco era muito ampla e, sob vários aspectos, lembra o contexto de Teotihuacan, no México, já a partir da semelhança fonética entre TiwaNaku e Teo-tihua-Kan.
Finalmente, Cuzco, enquanto cidade sagrada, é mais recente, e os incas buscaram em boa parte reviver as tradições solares tiwanacotas. Nisto estavam quando tiveram seu império destruído pelos conquistadores espanhóis, no início do século XVI. Cuzco tinha pouco mais de um século como capital imperial, e não chegara a se comparar com Tiwanaco, apesar das tantas maravilhas culturais do Império das Quatro Direções.
Durante a raça atlante, a missão de Ibez e do “Templo da Lua” foi despertar a alma e a sensibilidade da raça humana, buscar contornar o egoísmo e a vaidade, assim como a sede de poder e a tendência à magia inferior xamanista herdada da raça anterior. Nesta raça matriarcal teve grande progresso a agricultura e a religião, e a expansão humana pelos vários continentes foi definitiva. O “crescei e multiplicai-vos” deriva deste período humano.
Mas certamente o padrão espirtitual era distinto do atual. Eis como Bailey descreve a natureza do trabalho daqueles Adeptos no seio da raça Atlante:
“...é necessário aqui assinalar que toda a direção de Seu trabalho foi numa maneira diferente e necessariamente assim, daquele dos adeptos do tempo atual. Seu objetivo foi o de estimular o misticismo e o estímulo do reino de Deus dentro do átomo humano. A natureza de Seu trabalho é muito difícil de ser compreendida pelo homem comum do tempo atual, devido ao diferente estado de sua consciência. Os adeptos Ibezianos tinham que lidar com uma humanidade que estava em sua infância, cuja polarização era extremamente instável e cuja coordenação era muito imperfeita. Havia muita pouca mentalidade com que lidar e os homens eram praticamente completamente astrais; eles funcionavam muito mais conscientemente no plano astral do que no plano físico e era parte do trabalho daqueles primitivos adeptos, trabalhando sob a instrução de Shamballa, desenvolver os centros de energia da unidade humana, estimular o cérebro e torná-lo plenamente auto-consciente no plano físico.”
As técnicas que foram desenvolvidas para conseguir isto eram, portanto, basicamente materiais, a Hatha Yoga e a magia Tântrica, assim como certas práticas degradadas sobre ensinamentos fálicos que chegaram até nós pertencem a este ciclo.
Mais uma vez, nesta sua primeira expressão física, a Hierarquia encontrou ainda condições precárias não apenas na humanidade como também em si mesma, posto que recém os Iniciados obtinham a Quarta Iniciação –a chamada “Crucificação”–, que caracteriza a etapa de crises e de conflitos entre a matéria e o espírito. Daí a ênfase sobre a morte, o sacrifício e a ressurreição existente na Tradição Atlante, sempre voltada para um grande ascetismo.
Voltemos à citação de Bailey sobre a questão:
“Nos dia de Atlântida, a meta que a Hierarquia de Mestres estabeleceu para si mesma foi o despertar do centro do coração. Para fazer isto, os Mestres daquele tempo focalizaram a Si mesmos (deliberadamente e de propósito) no centro do coração e escolheram trabalhar inteiramente através daquele centro, subordinando o seu equipamento mental e a energia mental que Eles podiam usar ante a necessidade daquele tempo. Eles mantiveram a Sua força mental em suspenso enquanto treinavam os iniciados até o tempo em que a terceira iniciação fosse alcançada.”
A idéia que inspirava a Quarta Raça era o despertar das energias do centro do coração, por ser este o quarto centro. Pode-se resumir então o ideal deste Ashram como de transformação das energias emocionais (2° centro, esplênico) em energias intuitivas (4° centro, cardíaco). Esta realidade ficou registrada num grande número de ídolos, mitos e registros artísticos legados pelos atlantes e seus descendentes, como aquele que se observa ainda hoje nas ruínas de Tiwanaco, no monumento (“fálico”) denominado Kon Tiki, situado no centro da praça cerimonial da acrópole de Kalassassaya, e que tem a mão esquerda no centro esplênico e a mão direita no coração, sugerindo a natureza dos trabalhos espirituais de então. Tratava-se da transmutação de energias inferiores em superiores, baseadas no fluxo de energias cruzadas a respeito das quais já tratamos: a raça empresta sua posição à hierarquia espiritual, e o ashram empresta a sua posição à hierarquia humana. Assim, no caso em questão, a quarta humanidade podia receber duas iniciações (até o centro esplênico), e o segundo ashram quatro iniciações (até o centro cardíaco). O tema é melhor analisado em nossas obras “A Tradição Tolteca” e em “Tábuas de Zyon”.
Deste modo, compreende-se que naquela Raça estava sendo realizada a semeadura do amor, e os adeptos se esforçaram ao máximo para enfatizar o centro do coração, resultando em idéias como a da oferenda do coração espiritual ao Sol espiritual (Hierarquia) e que, quando degenerou-se, se transformou nos conhecidos sacrifícios físicos (em grande parte exagerado pelos cronistas da Conquista, quando interpretavam literalmente os símbolos gravados e palavras poéticas). Em função das dificuldades daquela raça-raiz, que foi o momento mais crucial de toda a evolução da Terra, a partir de certa etapa a conquista da terceira iniciação estava sendo proposta aos discípulos mais avançados, posto que a meta racial era apenas a segunda iniciação. Isto explica o florescimento precoce da Astrologia entre os atlantes, e que na raça árya se tornou de um vigor impressionante.
Vimos nas citações acima que um dos principais propósitos da Hierarquia era despertar na Humanidade a idéia do “reino de Deus”. Os fundamentos deste “reino” se baseiam nas credenciais divinas à regência, que adquirem os próprios Adeptos ao receber a iluminação, através do auto-sacrifício, posto que sua luz atua como um sol nas trevas do mundo.
O problema é que, ao contrário dos Adeptos áryos posteriores, os reis-iniciados atlantes atuavam comumente de forma mais bruta, em nome da religião, já que viviam na mentalidade de crise da quarta iniciação e não eram de todo liberados, e tampouco iluminados regularmente com sabedoria e ciência interior. Não havia uma Idade de Ouro de sabedoria, mas a crucificação contínua da matéria em nome da luz e um constante conflito entre as dimensões. Sigamos a exegese:
“Seu objetivo era alcançar uma conscientização do reino de Deus no íntimo e pouca atenção era dada (no treino de Seus discípulos) à conscientização de Deus na natureza ou em outras unidades. Era necessário, naqueles dias, empregar métodos mais definitivamente físicos do que agora é permissível e estes métodos de estímulo físico eram empregados e as leis da energia, na medida em que elas operam através dos vários centros, eram ensinadas...”
Evidentemente, nem todos os Adeptos atlantes eram “maus”, mas como seria de se esperar, houve grandes conflitos e guerras entre eles. Com as dificuldades crescentes das relações entre u’a humanidade envolvida com o emocional e a magia, e uma Hierarquia que facilmente se degenerava (donde os “anjos caídos”) e tendia à tirania e ao poder material mediante a feitiçaria ou pactos com líderes políticos, os conflitos se agravaram e causaram rapidamente a famosa destruição da Atlântida. O Tibetano descreve o fato:
“Quando os Adeptos Ibezianos (novamente sob as instruções dos Mestres de Shamballa) começaram a se retirar dos Templos, a tornar os mistérios mais difíceis de se atingir e a trabalhar contra os abusos e distorções, um número de seus antigos seguidores, muitos de grande poder e conhecimento, combateu-Os e assim nós temos uma das causas do aparecimento da magia branca e da magia negra e uma das razões de se ter considerado necessárias as águas purificadoras do dilúvio.”
É claro que estas “águas diluvianas” têm também um sentido esotérico, posto que a Raça Atlante estava relacionada ao elemento “água”, precisamente, dentro da cosmologia ou da evolução da Quarta Ronda.
O grande cataclisma descrito por Platão representou também uma mudança significativa na evolução da humanidade. O trabalho dos Adeptos atlantes seguiu...
“...até que veio o tempo em que uma outra grande mudança se fez nos métodos hierárquicos e a porta do reino animal para o reino humano foi fechada e a porta da iniciação se abriu.”
A Raça Atlante, por ser a quarta, estava ainda muito relacionada ao reino Animal. Os animais que ascendem à condição humana através da reencarnação logo se tornavam homens atlantes. O acesso destes seres era imenso porque os animais desejam ardentemente a liberdade e o poder prometidos pela condição humana (que de resto os persegue e maltrata brutalmente até nossos dias). De outra parte, trazem um carma pesado de sua antiga condição, muitos dos quais tinham sido feras; donde o extenso culto atlante ao jaguar e outros animais, realizados pelas primeiras raças humanas, que tão de perto se identificavam com seus ancestrais do reino inferior.
Surgiu, porém, uma nova etapa racial, através da raça Árya, onde o acesso do reino animal ao humano foi definitivamente bloqueado e a verdadeira Iniciação surgiu para a humanidade, assim como, por sua vez, o verdadeiro Adeptado tornou-se possível para a Hierarquia.
A Loja que representa hoje o ashram atlante se encontra na China, mas suas vertentes Americanas vêm sendo reativadas em função do novo ashram mundial se achar na mesma região do planeta deste antigo centro cultural, e com ele apresentar muitas correspondências e analogias. Nisto, se o território brasileiro perde em referências atlantes antigas, ganha pela posição privilegiada no novo ashram mundial.
C. Meru – A Semeadura da Razão
Este terceiro Ashram racial foi de certa forma o mais importante até o momento e representou a coroação do processo de manifestação da Hierarquia, afirmando por fim o seu pleno sucesso, pela conquista do verdadeiro Adeptado (grau de Asekha, “não-discípulo), dando surgimento aos Mestres reais. Estava centralizado no Templo de Meru, depois simbolizado como o Monte Su-Meru, em homenagem à Suméria, que tanta influência teve na criação deste ciclo espiritual, após haver recebido a herança atlante.
A Raça-raiz correspondente é, pois, a Árya, e no que dizia respeito à Índia, sua principal região ou Aryavartha, situava-se entre os Himalayas e os Montes Vindya. Sediou o “Templo de Mercúrio”, e durante esta raça teve início o culto a Ganesha, a Thot e a Hermes, com o incremento do comércio, da escrita e do hermetismo. A compreensão dos mecanismos da mente e da razão foram muito apurados. A ciência e as técnicas tiveram no geral um grande desenvolvimento, tanto espiritual como materialmente. Mas o aspecto material da raça seria também influenciado por Marte, dando lugar a uma época belicosa e imperialista.
Vejamos como Bailey descreve a natureza do trabalho destes Adeptos:
“A Hierarquia trabalha nesta raça inteiramente em níveis mentais, embora baseando todo esforço nos acontecimentos do passado em conexão com o centro do coração. Até a terceira iniciação, por conseguinte, os discípulos têm que tentar trabalhar inteiramente com a sua energia mental, num esforço para controlá-la, dominá-la e usá-la. Sua tentativa está concentrada então em transmitir (dos níveis egóicos) o aspecto da vontade da alma. Aquela vontade tem que ser imposta sobre a personalidade até que esta se tenha tornada o autômato da alma. Então a intuição toma o controle e as energias do plano intuicional ou buddhico começam a exercer seu impacto sobre a natureza-forma, a personalidade. (...) A percepção intuitiva, a visão pura, o conhecimento direto e uma capacidade para utilizar as energias indiferenciadas da Mente Universal são as principais características dos Adeptos Arianos.”
Devido a esta necessidade de controle mental, uma das principais práticas dos iniciados arianos era a Raja Yoga. Também a Jnana Yoga foi praticamente criada nesta Raça, onde inclusive a escrita foi elaborada, devido à possibilidade e à necessidade de estender o saber e estimular o estudo.
Diz também o Tibetano sobre este novo momento hierárquico-racial:
“Quando a porta da iniciação foi aberta, muitos milhões de anos atrás, a Loja tomou duas decisões:
“1. Que a individualização (do reino animal) deveria cessar até que o homem não só coordenasse os corpos físicos e astral e pudesse pensar auto-conscientemente, como até que ele também tivesse transcendido o físico e o astral. Quando ele se tornar consciente do grupo, então a porta para o reino da autoconsciência será novamente aberta.
“2. Que o caminho do misticismo deveria levar finalmente ao caminho oculto, e que deveriam ser feitos planos para transmitir o ensinamento, e os mistérios deveriam ser organizados, que revelassem a natureza de Deus em tudo que é visto e não somente no homem. Ao homem deve ser ensinado que, embora um indivíduo, ele é apenas parte de um todo maior e que seus interesses devem tornar-se subordinados aos do grupo. Gradualmente o ensino foi reorganizado e o curriculum aumentado; pouco a pouco os mistérios se desenvolveram, à medida que os povos se tornaram prontos para eles, até que tivemos as maravilhosas Escolas dos Mistérios da Caldéia, do Egito, da Grécia e muitas outras.”
O trabalho grupal retorna a ser enfatizado aqui, com propósitos ocultos específicos. Este Ashram invoca, através de sua energia mercurina e seu Raio, à Raça Lemuriana, também regida por este mesmo planeta e Raio. Significa dizer que muitos que recém começaram sua evolução espiritual naquela época e Raça, tornaram-se Adeptos através deste Ashram da Quinta Raça-Raiz.
A Loja que representa atualmente este Ashram é a Trans-Himalaya, e é a Loja mais ativa no atual processo de formação do novo Ashram racial, sendo alguns de seus Mestres muito conhecidos dos ocidentais por terem apadrinhado a criação de várias Escolas místicas e ocultistas importantes (entre elas a nossa própria Escola Agartha).
Como dissemos, apenas nesta Raça Árya apareceram os verdadeiros Mestres-Adeptos. E é isto que concede uma autoridade especial à Loja Himalaya (atual porta-voz do Ashram áryo) na formação no novo Ashram Racial. Pois, pese a importância também especial da Loja Atlante neste processo, em função de suas posições correspondentes com o novo Ashram (mesma região ocidental, etc.), é a Loja Árya a grande responsável por sua implantação naquilo que diz respeito aos seus aspectos mais profundos, esotéricos e, sobretudo, iniciáticos. Existe, porém, uma razão ainda mais profunda para tudo isto: a conexão entre a Ronda futura a ser aberta já pelo próximo Ashram, e o Quinto Raio, regente do ciclo áryo.
Os mitos sobre o Monte Meru abundam no Hinduísmo, sempre relacionados a Vishnu. No mais importante deles, Krishna bate o oceano de leite primordial usando o Monte como pivô. Trata-se, assim, de um Centro cósmico para a criação. Este Centro situa-se sempre na zona shambaliana do paralelo 30, razão pela qual existe hoje na Índia uma cidade chamada Meru nesta exata latitude.
Esta fundação identifica-se também à Agartha, relacionada a Rama, um outro Avatar de Vishnu. Sobre Agartha muito discorreu Saint-Yves d’Alveydre em sua obra A Missão da Índia, a partir de informações que teria recebido de um “misterioso emissário”, certo príncipe afegão que lhe visitara no ano de 1885. Após sua publicação em 1910, veio à luz a obra de F. Ossendowsky, Bestas, Homens e Deuses, contendo informações muito semelhantes; na seqüência da qual René Guenon publicou por sua vez O Rei do Mundo comentando o tema em questão. Blavatsky também menciona o centro Asgartha que, de resto, deve ser relacionado à Asgard dos nórdicos.
Considerando que “o nome traz a Mensagem”, Agartha significa entre outras coisas “a inacessível à corrupção”, como de fato a nova Loja era inacessível às mazelas humanas, definindo um plano imaculado de trabalhos que projetava o planeta para um patamar superior de energias.
Agartha é apresentada por Saint-Yves como o núcleo principal da Sinarquia, um governo espiritual do mundo que surgiu no ciclo de Ram ou na Raça Árya, onde o ideal teocrático teria alcançado a sua perfeição, permitindo o surgimento de uma verdadeira Idade de Ouro da Civilização, através do governo dos sábios. Os detalhes da organização social da Agartha são apresentados na obra do inspirado marquês, assim como datas envolvendo a cronologia do ciclo de Ram na visão do autor. Saint-Yves é também responsável pela construção do Arqueômetro, um esquema cabalístico de correspondências que relaciona sons, cores, números, formas e alfabetos. Trata-se, no subtítulo da obra, da “Chave de todas as Religiões e de todas as Ciências da Antigüidade”, permitindo inclusive, segundo outro subtítulo, a “Reforma sintética de todas as Artes Contemporâneas”. Representaria, portanto, uma síntese magnífica, a grande Chave analógica do saber universal procurada por todos os sábios. Deste modo, Saint-Yves poderis ser verdadeiramente considerado um dos grandes Mensageiros modernos do espírito de síntese e ciência sagrada da raça Árya, e um legítimo emissário da Agartha ele próprio.
Nossa Universidade Agartha tem entre os seus patronos históricos a figura de Saint-Yves d’Alveydre e se inspira em seus preceitos, como por exemplo, a importante divisão das Quatro Ciências Sagradas, assim como a tradicional reflexão sobre a Sinarquia. Através da alusão ao supremo Centro iniciático do Ciclo de Ram, a Escola homenageia este iminente ocultista que restaurou e disseminou o nome da Agartha eterna, assim como a própria raça onde, pela primeira vez neste planeta, uma verdadeira Unidade cultural veio à luz, e que tem seu último e mais glorioso momento na presente fundação da Sétima Sub-raça Árya, identificada à nação brasileira e definida como áurea, pelo caráter setenário ou sintético que expressa. Isto já significaria penetrar, porém, no tema do próximo Ashram, segundo a fórmula ocultista 7=1 ou, na formulação esotérica do Tibetano, “o violeta tem como cor esotérica ao branco”.
Os números principais deste Ashram foram, portanto, o 5 pela raça, e o 3 pelo ashram em si. Relacionam-se a raios de ciência concreta e ciência abstrata, respectivamente. É natural que se considere por tudo isto o Teorema de Pitágoras, cujas bases são os números 3-4-5 (trismegisto ou mercuriais), como o seu símbolo máximo, e as pirâmides, sobretudo de linhas retas como as de Gizeh, estão incluídas neste quadro. A Escola de Crotona representa, porém, uma expressão esotérica de cultura árya.
Em termos propriamente religiosos, devemos observar as religiões gregas e romanas, com suas deidades múltiplas de cunho astrológico e outros, assim como a própria astrologia em geral e, sobretudo, o Mazdeísmo da Pérsia, de Zoroastro, mais sintético e unificado, com seu culto à luz, ao fogo e ao sol, como expressão máxima de cultura espiritual árya tardia, chegando a influenciar toda a Ásia e Europa já em seu primeiro momento, graças ao brilho e ao gênio ímpar realizado pela síntese e a criatividade dos persas. Atualmente, os últimos mazdeistas estão centralizados na Índia, cultura-irmã da persa e para onde se difundiu a civilização árya há vários milênios.
D. Albion – a Colheita do Amor
Chegamos então ao novo ciclo espiritual da humanidade, aquele que está sendo implantado no seio da Sexta Raça-Raiz emergente no Extremo-Ocidente, em especial na América do Sul uma vez mais. Como vimos, é o último Ashram e o mais característico desta Ronda, culminando este Plano evolutivo mundial e trazendo a sua específica perfeição. Os três Ashrams anteriores foram apenas etapas formativas e de preparação para este momento final revelador.
D. Albion – a Colheita do Amor
Chegamos então ao novo ciclo espiritual da humanidade, aquele que está sendo implantado no seio da Sexta Raça-Raiz emergente no Extremo-Ocidente, em especial na América do Sul uma vez mais. Como vimos, é o último Ashram e o mais característico desta Ronda, culminando este Plano evolutivo mundial e trazendo a sua específica perfeição. Os três Ashrams anteriores foram apenas etapas formativas e de preparação para este momento final revelador.
Este será o Ashram de Vênus, semeado na Raça Pan-Americana, através do Templo de Albion. Sua tarefa é desenvolver aquela que é a própria essência desta Ronda planetária: o amor universal. A relação com Vênus é evidente e nada casual. Este Ashram invoca com suas energias à Raça Atlante, criando um elo direto com aquela Raça-raiz. Isto significa que muitos daqueles que alcançaram a Iniciação naquela Raça, chegarão à Maestria neste novo Ashram.
Ao lado de sua expressão ashrâmica venusiana, a Nova raça traz a energia racial de Sexto Raio ou de Júpiter, prometendo grande idealismo e religiosidade. Então este será sobretudo o Ashram dos Chohans, “Senhores” das Energias de Raios Planetários. Serão eles “super-Adeptos”, e conduzirão por fim a humanidade a transcender plenamente o plano do carma racial, assim como Eles mesmos se acham despidos já de toda a compulsão cármica espiritual em seus próprios caminhos. Diz O Tibetano:
“(A Sexta Iniciação) personifica a liberação reconhecida pelo Mestre que a demonstra em seus processos decidindo livremente Seu futuro estado de ser e Seu propósito. O futuro, para a pessoa e o discípulo comuns, está contido dentro de seu passado e complementado em seu presente. Isto já não sucede com o iniciado de sexta iniciação. Está inteiramente liberado de seu passado; a lei do Karma já não o retém; decide livremente; decide seu futuro, não baseando-se em sua inevitabilidade ou no que lhe proporciona enquanto um campo para esgotar karma, senão sobre a exclusiva base de estar qualificado para prestar serviço. Isto cria uma situação muito distinta.”
Os Raios e as Iniciações
Na verdade, mesmo o iniciado de quarto grau está liberado de carma pessoal. O Tibetano diz em outra altura que o Chohan está liberado de carma hierárquico, isto é, de prestar serviço na Terra.
Poderíamos talvez comparar as diferenças das situações existentes entre as condições dos Adeptos de 5ª e de 6ª Iniciações, com a necessidade que alguém sente de trabalhar para sobreviver adaptando-se a algo a fim de se disciplinar carmicamente, com a liberdade que sente uma pessoa que executa uma profissão para a qual sente todo o gosto e vocação e na qual pode desempenhar amplamente a sua criatividade.
Devido a este estado de liberdade dos Novos Adeptos –e a liberdade é a primeira das virtudes divinas–, é que a verdadeira face da divindade se apresenta em toda a sua expressão nesta nova raça através de seu Ashram solar. Eis como se refere O Tibetano a este novo quadro:
“Durante idades, a potência subjacente na quinta iniciação –no sentido planetário e não individual, em sua revelação do propósito do primeiro raio– tem exercido influência sobre a Terra. O conhecimento, a revelação dos Mistérios, a obtenção da realização científica, produzida pela atividade do quinto plano da mente, tem regido o pensamento e o progresso humanos; Deus que existe na natureza (quer dizer, o Logos planetário em sua expressão concreta e material) tem sido revelado, e isto tem culminado nessa tremenda expressão de poder –a bomba atômica.
“Hoje, a potência subjacente na sexta iniciação, tomará posse do processo evolutivo e complementará o propósito divino. O que em realidade pode ser essa potência não podemos saber, todavia, ainda; mas sim sabemos que está estreitamente relacionada com a vontade à síntese, o que permitirá ao Cristo derrubar as barreiras e os muros separatistas que a humanidade egoísta, auto-centrada e materialista (em grande parte ajudada pelas igrejas do mundo, com seus preconceitos materialistas) tem construído, permitindo assim entrar a luz da compreensão e aplainar o caminho para uma mais plena expressão da vontade de Deus”.
A razão pela qual está dito que este “processo evolutivo completará o propósito divino”, é que este Ashram supremo resume todo o Plano desta Ronda planetária e a conclui, revelando o seu Propósito. Daí existirem muitas profecias a seu respeito, como veremos na continuidade.
Um Ashram apresenta sempre características muito especiais e uma metodologia de trabalho própria. O Novo Ashram foi de certa forma preparado como uma missão especial da Quarta raça-raiz tardia, a Atlante. Pois, num certo sentido, este Ashram resgata muitos daqueles antigos valores desenvolvidos pelos atlantes, para depurá-los e expressá-los com perfeição. Nisto, antigos métodos serão também revalorizados e reciclados. De fato, os métodos ashrâmicos não se repetem de todo, por várias razões, mas podem empregar elementos anteriores na sua formação.
Não devemos nos surpreender, por esta razão, se na pauta dos trabalhos do novo Ashram relacionado a Vênus, entra o romantismo e a valorização do matrimônio como verdadeiros elementos de um Dharma espiritual. Os novos iniciados não serão simples ascetas e renunciantes, mas sim seres desejosos de realizar uma grande, maravilhosa e transcendente síntese no amor, reunindo todas a dimensões, graças à pauta da iluminação coletiva em vista.
Isto não caracteriza, na verdade, apenas este Ashram, mas de um modo geral a todos os Ashrams solares desta Ronda, posto que sua função é realizar sínteses superiores.
A história recente da humanidade guarda a imagem de Mestres mendicantes e renunciantes. Ocorre que tais Mestres, como o Buda e o Cristo, pertencem já a um ciclo ashrâmico lunar, onde a principal tarefa é realizar não a síntese, mas a purificação das energias, face o momento altamente materialista da evolução racial vigente. O “vazio” (sunya) budista, por exemplo, pode ser a meta para o dharma de Gautama, mas é apenas a base para o dharma de Maitreya, que é o novo Buda do Quarto Ashram solar. O “vazio” nada mais que uma neutralidade, é a linha divisória entre a ilusão e a verdade. De modo que não pode ser jamais um objetivo final em termos absolutos, porquanto não se pode desejar viver sobre uma simples linha, numa situação instável como a de um crepúsculo, que é belo mas fugaz.
As grandes transformações do mundo atual tem no fundo este fato: a formação de uma nova Humanidade e o advento de um novo sistema de governo espiritual do planeta, que é o que define em última instância a idéia de ashram, não obstante no caso da Hierarquia se tratar de um “governo paralelo”.
Este novo grande ashram pode ser denominado como Albion –ou se se prefere, Nova Albion, para diferenciar da definição antiga que receberia a Inglaterra numa certa interpretação dos mitos célticos, em função da importância desta região na fundação da futura Sexta Raça-Raiz. Ocorre que, na verdade, a Ilha dos Celtas representaria tão somente uma referência meridiana para aquela longitude a partir da qual tem início a Ocidentalidade propriamente dita, a partir de Greenwich, isto é: desde a face realmente ocidental da Europa e da África, e que seria o demarcador inicial para o ciclo de expansão ultra-continental, como se teve a oportunidade de verificar historicamente, através da importância definitiva que possuiram aquelas nações européias e mesmo africanas delineadas a partir de Greenwich para a colonização do Novo Mundo.
Os povos mediterrâneos atribuíam às “Colunas de Hércules”, no estreito de Gibraltar, situado sob o mesmo meridiano, o fim do mundo conhecido, divindindo Norte e Sul de um lado, e Leste e Oeste de outro lado. Uma das explicações disto é que estas colunas se acham junto à faixa dos 30 graus de latitude, ou seja, no centro do hemisfério.
Albion é termo que significa “alvorada” ou, etimologicamente, “ciclo (eon) branco (alba)” no sentido de totalização. O “ciclo da luz” anuncia um novo grande momento mundial: a Quinta Ronda planetária. É a Quintessência, a própria luz espiritual. Assim como a Quinta Raça tirou do impasse a evolução espiritual trazendo o Adeptado à Hierarquia, também a Nova Ronda trará o Adeptado à toda a futura humanidade no seu final. Será, pois, o começo da ascensão do mundo. E isto começa já agora na implantação do novo Ashram solar, quando a condição de Adepto estará disponível para uma elite apostólica regular.
Albion remete a todo o Grande Ocidente ou Kumbha-Dwipa, da mesma forma como Shambala –que significa etimologicamente, por sua vez, “poder (bala) da meditação (c’han)”, ou senão, numa leitura mais livre, “a via do poder”, já numa evidente alusão vajrayana portanto– faz referência ao Reino espiritual do Grande Oriente, também chamado Simha-Dwipa.
O conteúdo etimológico de ambos os nomes expressam a natureza de suas funções, uma vez que Shambala manifesta o caráter yoguístico ou transformador original que caracteriza ao processo de evolução racial –e neste sentido, é corrente a associação entre o sistema Vajrayana e o Reino de Shambala–, ao passo que Albion denota um sentido de ultimidade ou totalidade escatológica próprio do processo de culminação da grande evolução racial –e neste caso, a América tem sido vinculada à imagem da perfeição e objeto de projeções idílicas, muito antes da Conquista dos europeus e mesmo nos contatos esporádicos dos grandes marinheiros e viajantes europeus pré-colombianos–; razão pela qual os dois ashrams extremos da Criação –o primeiro e o último– são num certo sentido aqueles que melhor representam as duas grandes regiões ashrâmicas e raciais do planeta. Por razões diferentes, o Alfa e o Ômega assim se identificam, reunidos na grande Polaridade que integra a Lei da Evolução em sua Unidade de Propósito essencial. Assim, o novo ashram se destina a assitir a implantação da Shambala Meridional, aquele Centro maior que faz sínteses espirituais periódicas e prepara o mundo para um novo estado de coisas.
Em Ocultismo, a relação Raios/Planetas com os Centros raciais manifestados, é inversa do registro dos centros individuais (chakras). Quer dizer: o registro racial é descendente. De modo que o atual Raio racial é o 6°, tendo correspondência com o planeta Júpiter na escala planetária (que é aquela que segue praticamente a ordem dos planetas dentro do Sistema Solar). Outras referências planetárias e mesmo de Raios seriam possíveis, caso adotemos diferentes critérios de associações.
Pois bem, se a disposição de Júpiter explica as profecias judaico-cristãs, islâmicas e budistas no sentido de que o Cristo retornado ou o Buda Maitreya, será uma forma de reencarnação de Jesus enquanto Senhor da Nova Raça, a posição de Vênus, em complemento, faz referência ao novo Ashram racial, conforme mencionados em passagens como a do Livro da Revelação (Apocalipse 22, 16) de São João, onde o Retornado (que anuncia também um “nome novo”) diz:
“Eu sou o rebento da estirpe de Davi, a brilhante Estrela da manhã.”
Sabe-se que o símbolo de Davi é a Estrela de seis pontas, ao passo que a “Estrela da manhã” corresponde a Vênus, precisamente. Nisto temos, uma relação entre a Sexta Raça-Raiz e o Quarto Ashram racial. A fórmula 6:4 (simbolizada pelo Cubo) se acha representada nos símbolos do novo Ashram, e servem, igualmente, para expressar o Plano geral desta Quarta Ronda. Razão pela qual o algarismo 24 (seja como 4x6 ou 2x12) é para ela muito importante, e com ela as hierofanias bíblicas e proféticas.
É preciso ver, então, neste quadro-geral ashrâmico quaternário, a grande Cruz Crística solar, sobre a qual exerce seu destino a atual Ronda-planetária, definida que se acha em termos quaternários. Entre outras coisas, significam o estágio evolutivo que deve alcançar a Raça humana nesta ronda que finaliza, a saber: a condição de Arhat ou a Quarta Iniciação.
Para finalizar, no tocante à associação Vênus-Mercúrio, revela-se, numa outra tradição altamente astrológica, a vinculação destes planetas através da figura de Quetzalcóatl, dos antigos povos de Anahuac (América Central e México), já que se de um lado são evidentes os registros astronômicos que vinculam Vênus àquele deus-avatar, também a própria simbologia do mito da serpente-alada induz a relacioná-lo a Mercúrio e seu caduceu.
Mercúrio se acha tradicionalmente relacionado ao pentagrama. E um dos símbolos de Quetzalcóatl era o quincúncio. Ora, isto não se limita à Raça Árya que vingava na época da civilizações pré-colombianas, e tampouco à sua 5ª sub-raça européia. Na verdade, eventos cíclicos de muito maior significação se acham por detrás do atual momento de transições planetárias: toda uma ronda planetária está atualmente sendo trocada, pela conclusão da Quarta Ronda e o começo da Quinta. Assim, esta exímia cultura esotérica e astrológica, que foi a pré-colombiana, preparada na conclusão da Quinta Raça, deverá ser aproveitada neste futuro ciclo-maior.
Quetzalcóatl era tradicionalmente associado ao plano ashrâmico-maior e avatárico, em função do vínculo mencionado entre os grandes ashrams e o planeta Mercúrio. Na época da Conquista, os sábios de Anahuac aguardavam já, desde o além-mar, o retorno da Lei divina para este Continente uma vez mais; donde o terrível equívoco que cometeram ao confundir apressadamente Cortez com um deus branco. Pois o advento do sublime fato aguardado teria de esperar ainda a sua hora real na fornalha do Tempo, e sofrer a ceifa depuradora de Saturno plúmbeo, antes do anúncio da nova Idade de Ouro prometida pelo Saturno áureo. É assim, no entanto, que procede a alquimia planetária.
Para maiores detalhe sobre o novo ashram da Hierarquia, ver Capítulo 15 ao final desta Seção, intitulado “Tetralucis - o Quatro Ashram”, numa abordagem do tema desde o ponto de vista da evolução da própria humanidade, e em especial a abordagem espiritual da “Raça Americana” ao final do Capítulo 10, seguinte. Remetemos também o leitor para estes fins à Seção III desta obra, dedicada ao Microcosmo, em especial o Capítulo 20 (“O Quarto Reino”).
Da obra "Trikosmos", LAWS, Ed. Agartha, AP
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