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Esquema planetário Rosa-cruz |
A Cosmogonia teosófica e sua astrologia esotérica representam uma formulação por vezes desconcertante pela mistura que trazem entre astronomia aparente com astrologia e também metafísica, avançando no cosmos para muito além do Grande Ano de Platão, possuindo um grande valor por assinalar de forma pioneira no Ocidente saberes sobre os grandes ciclos da evolução.
Em função do não-entendimento deste simbolismo, muitos querem ampliar absurdamente os ciclos da evolução humana para tentar adequá-los a uma cosmovisão astronômica literal, quando na realidade é preciso inverter esta ideia para ajustar esta pseudo-astronomia (que na verdade é apenas astrologia) para os ciclos “naturais” da evolução humana.
As análises do Ano Cósmico atual são depreendidas grosso modo das próprias abstrações das Estâncias de Dzyan. É interessante observar que, nos tempos de Helena P. Blavatsky e seus sucessores diretos, certos conhecimentos astrológicos sobre o Grande Ano não estavam tão bem desenvolvidos. Até por isto assuntos hoje banais como a entrada da Era de Aquário eram coisas incomuns. Já Alice A. Bailey, na geração seguinte, pode avançar neste sentido, ainda sem tanta precisão todavia.
Comparativamente, os nossos tempos reúnem uma quantidade incomparavelmente maior de informações para permitir o acesso ao universo das Tradições de Sabedoria, levando a enxergar aqueles vigorosos esforços da virada do Século XX como um mero esboço de verdades que, hoje, podem ser mais claramente visualizadas.
Esta é uma das razões para a forma de difusão da astrologia esotérica da Teosofia –escola que possui conexões com a primeira Teosofia da Gnose cristã, quando muitas vezes era preciso tecer véus sobre o esoterismo por razões especiais de segurança-, tal como seria ademais para a divulgação de conhecimentos vindos do Oriente -que afinal sempre se tratou os assuntos planetários com véus e mistério. Provavelmente hoje -e uma vez retirados os antigos véus- não julgaríamos nada disto assim tão misterioso ou surpreendente...
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“Flor da Vida” de Leonardo da Vinci |
Por tradição, costume e conveniência, emprestou-se então a linguagem da própria astronomia para estes conhecimentos astrológicos; numa espécie de intercâmbio que está longe de ser raro ou original... de resto serviria como um véu para ocultar os verdadeiros Mistérios –e é assim que a Sabedoria alcança fazer Ciência, mesmo sem tê-la como meta central.
Deste modo se chegou a uma espécie de sincretismo, que não deixa de ser um recurso comum dos modernos esoteristas. Sabedores que grande parte do conhecimento que estavam transmitindo achava-se marcado por véus e leituras particulares, muitos autores teosóficos não pretenderam oferecer alguma verdade final das coisas. Todavia, muitas portas estavam sendo assim abertas, e certamente outras chaves foram deixadas para os buscadores do futuro.
A estrutura da Cosmogonia Teosófica é basicamente padronizada, porém nada disto deve ser tomado exatamente como algo literal -astronomicamente visto, por exemplo-, e os termos ou designações também podem eventualmente variar. A nossa própria abordagem busca manter a linguagem teosófica básica, porém desvela o simbolismo que é comum na Astrologia. Enquanto abstrações a Cosmologia não possui utilidade prática e soa apenas como uma doutrina exótica.
Muita polêmica é gerada pela ideia teosófica de que outros mundos tiveram vida inteligente fora das considerações da Ciência. Acontece que tais “mundos” são simbólicos e referem-se aos ciclos da própria humanidade. Assim, ao invés de se pretender ampliar os ciclos das raças, o correto é rasgar os véus dos símbolos e reduzir os supostos ciclos planetários para adequá-los às verdadeiras medidas humanas em diferentes escalas.
Em última análise, a linguagem cosmológica da Teosofia não é apenas um véu ou uma linguagem pomposa, é também um recurso para tratar estruturadamente da evolução das espécies superiores. Os reinos e espécies possuem analogias e também suas particularidades. Os xamãs do Terceiro Esquema planetário trabalhavam com os Elementais do Fogo, porém os xamãs do Terceiro Globo do Quarto Esquema Planetário já eram naguais com intima vinculação com o Reino Animal.
De resto as categorias “cosmológicas” que empregamos aqui (que não seguem literalmente as fórmulas teosofistas, mas sim os seus conteúdos) são perfeitamente científicas e basicamente acadêmicas -pese a linguagem astronômica comum que tem velado os seus conteúdos-, abarcando toda as grandes divisões da evolução da humanidade. A saber:
a. Paleolítico Inferior, até 4 milhões de anos: o Manvantara
b. Paleolítico Médio, até 250 mil anos: o Esquema Planetário
c. Paleolítico Superior, até 50 mil anos: o Globo de Evolução
d. Neolítico, até 13 mil anos: a Ronda mundial
e. Idade dos Metais, até 5 mil anos: a Raça-raiz
Naturalmente com isto referimo-nos apenas aos ciclos “atuais”, porém o princípio é válido para outros ciclos e divisões prévias de cada um deste ciclos e além. Os ciclos atuais são apenas aqueles que tem melhor definido a natureza humana moderna, porém os mesmos ciclos reproduzem-se em estágios anteriores determinando etapas prévias e mais primitivas da nossa evolução.
Haveriam muitas razões para o emprego da linguagem astronômica antiga ou tradicional. A ideia dos ciclos cedo foi vinculada à astronomia ou à astrologia; além disto a questão remonta a certo simbolismo “espiritual” que, de resto, comporta as suas dimensões mágicas e ocultistas.
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