O avanço da informação segue naturalmente a pauta das gerações, cada qual processando e trabalhando aquilo que foi trazido pela geração anterior e buscando dar a sua própria contribuição - ainda que nenhum destes mensageiros seja jamais a única fonte-de-influência dos seus seguidores, e nem sejam eles mesmos exclusivos ou únicos, embora sim centrais ou axiais em suas respectivas gerações.
E assim, neste quadro geral da informação e da “batalha nos céus”, tem-se a informação inicial como uma realidade neutral, trazida por iniciados de grau menor, tendo a sua base em verdades universais, embora possa ainda estar carregadas de véus e acompanhada de imperfeições –razão pela quão a classificamos como neutra ou “regular”-, tratando-se basicamente de um Postulado-Mor, com aspectos de revelação ou de “renovação dos véus”.
Talvez muitos não alcancem compreender como um trabalho tão incensado –mas também muito criticado!- como o de HPB, possa ser classificado como apenas “regular”. Acontece, senhores, que nós estamos tratando aqui de um trabalho de Adeptos! Esperamos que, na continuidade, tudo isto possa ficar mais claro. Prossigamos, pois.
Na seqüência disto, acontece uma progressiva divisão, tratando de explorar os defeitos e as virtudes da revelação original, a qual apresenta um razoável equilíbrio entre bem e mal, ou entres erros e acertos.
E então tem-se, no lado positivo ou virtuoso, a pós-informação, transmitida através de iniciados de porte médio, tratando-se de um trabalho de exegese e esclarecimento da informação inicialmente dada, contendo às vezes novidades até muito importantes, e representando por isto uma nova revelação. Esta etapa possui mais bem do que mal, de modo que muito se pode aproveitar daquilo tudo que é trazido; o mal ficando mais por conta da manutenção de muitos véus e certas lacunas de informações, por exemplo.
E tem-se depois também a ultra-informação, desenvolvida por iniciados realmente avançados, como o estágio final da informação numa esfera da “especialização do Bem”, adquirindo por isto o sentido de desvelamento pleno das coisas. Aqui o bem prevalece pleno, por conta da clareza e do avanço das informações, tal como na conquista da síntese almejada pelo Plano entre ciência, filosofia e religião.
E no lado negativo, tem-se a anti-informação, que é apenas deturpada e algo ingênua, movida pela vaidade e a ambição de espíritos mais ou menos medíocres, às vezes até trazendo algumas “novidades” interessantes. Possui apenas mais mal do que bem, portanto algo relativamente substancioso ainda se aproveita disto, uma vez que apesar da obscuridade das informações, existe alguma intenção de fomentar as novas coisas.
E após isto, já na esfera da “especialização do Mal”, existe a contra-informação que é movida basicamente por mitômanos, fanáticos e psicopatas, sendo por isto cruel, fantasiosa e destrutiva, assim como agressiva e maliciosa, sem qualquer compromisso com a verdade, apesar de poder ser até muito inteligente e perspicaz, com elementos de erudição sempre mais ou menos distorcidos. Neste grau extremo de maldade, o bem já é raro e pouco, embora tampouco se possa dizer que ele inexista, ficando todavia praticamente por conta da simples erudição.
Esta contra-informação –a qual se encontra agindo no momento atual do mundo, juntamente com a ultra-informação que se lhe opõe- possui quatro táticas principais: a sub-informação (ou informação distorcida, que também podemos chamar de sub-versão das coisas), a depreciação (pela crítica desconstrutiva e maliciosa), a omissão (ou o não-apoio àquilo que se sabe ser bom, belo e verdadeiro) e o “desmentido” (através da pseudo-argumentação erudita e científica, além de sectária, etc.).
O diagrama abaixo, pese os seus evidentes relativismos, pode chegar a fornecer muita informação para o estudante intuitivo. Propositalmente, o tema não está numerado, para permitir interpretações flexíveis. Nisto, vale notar a diferença aparente entre os sistemas de chakras hindu e budista, onde aquele é maior (sete centros) e se conta de-baixo-para-cima (“ascendente”), ao passo que este é menor (cinco centros) e se conta de-dentro-para-fora a partir do coração (“irradiante”), que é como se enxergássemos o caduceu desde cima ou a aura como uma cebola, como no esquema hindu doPanchakosha, as “Cinco bainhas” da consciência. A síntese disto seria, como é óbvio, a espiral cônica, que é a forma mais potente e includente do Universo.
Assim, aquilo que diferencia realmente a parte superior da parte superior do esquema, é basicamente o seu grau de pureza. O que pode significar esta “pureza”? Várias coisas, com certeza, tais como:
a. Antes de tudo o mais, esta “pureza” se refere à não mistura e não-contaminação de um Ensinamento com elementos espúrios e irregulares, que firam o bom senso, o uso da razão, a segurança das pessoas e sobretudo que respeite a espiritualidade e não induza à alienação.
b. A não-emissão de inverdades ou o trata de temas polêmicos e inverificáveis como meras hipóteses ou livres postulados, sem imposição de crença.
c. Fidelidade e respeito ao Plano, em especial aos seus propósitos e ensinamentos, tais como aos Três Propósitos da Sociedade Teosófica, fidelidade esta que não obstante também contempla mais uma visão de espírito que da forma, considerando o dinamismo e a evolução do Plano.
d. Finalmente, entende-se por “pureza” a unidade natural das coisas (na verdade, unidade-na-diversidade, pois o ecumenismo do Plano também é patente). Na parte mais inferior ou “Inferno”, até existe um esforço pela unidade, mas é num sentido violento, tipo tirania –ver a Carta XV dos Arcanos Maiores, ou “o Diabo”, para ilustrar esta questão. Mas, o que se ganha afinal querendo o impossível?
De certa forma, o esquema dado reproduz a evolução humana na presente ronda, tendo como base a evolução mental, que na raça árya alcançou uma expressão maior através das suas forças espirituais. A posição da “Informação” no meio do terceiro estágio, reproduz a conhecida divisão do Plano Mental entre “inferior” (concreto) e “superior” (abstrato), onde naturalmente a Loja Negra se fundamenta naquele e a Loja Branca se alicerça neste. Existe certo consenso de que o aspecto mais forte da Teosofia é o Jnana Ioga (“Ioga do Conhecimento”), e Bailey vinculou esta Escola ao grau de noviciado. Outras ioga mentais mais avançadas também existem, e foram divulgadas com o desdobrar do Plano da Hierarquia, como é o caso da Agni Ioga e até, numa dada acepção, da Deva Ioga, assim como a Kriya Ioga e a Tantra Ioga.
De igual modo, o tema chega a fazer uma alusão ao dito de Bailey de que “a Loja Negra não pode conduzir além da segunda iniciação”, o que nos fornece a pista de que apenas no terceiro grau é que se começa a estar espiritualmente seguro –ainda que, como veremos adiante, estas coisas também estariam de alguma forma mudando. Não obstante, fica evidente que a ênfase mental comumente dada pelos trevosos, os leva ao menos aos aspectos inferiores da terceira iniciação, tal como o diagrama acima atesta fielmente.
Finalmente, caso o leitor vier a estranhar a posição do “Paraíso” no alto do tema, isto se explica por se tratar o “Paraíso” de uma síntese entre céu e terra, seguindo um roteiro semelhante ao da Tábua de Esmeraldas que propõe a experiência inicial “do superior e do inferior” (este não do infernal, mas do natural) para então fornecer a liberação ao buscador através do seu robustecimento íntimo ante as energias trevosas. O Paraíso representa sempre a imagem da Perfeição e da Unidade, e no Livro do Gênese também corresponde à última das criações de Deus.
E como em todos os grupos existe alguma ou muita virtude, a Guerra Fundadora pela Verdade –que é o Princípio que edifica toda a Idade de Ouro, e portanto traz de fato à luz a nova raça ao mundo-, dividirá todos os grupos e até as próprias famílias, como foi profetizado por Jesus: “Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado.” (Lc 17:34)
Daí se formará o novo Povo de Deus, “reunido de todas as partes” como disseram os antigos profetas de Israel, abençoado pelas últimas revelações divinas. E assim aquilo que era excelente ficará perfeito, o que era bom ficará excelente, e assim por diante.
Esta é, daí, a ordem deste quadro, que por razões evidentes não buscaremos exemplificar (especialmente do lado das sombras), mas que cada um poderá tentar descobrir por si mesmo, porque os passos estão dados nas entrelinhas; diremos todavia que Helena P. Blavatsky foi o grande marco fundador da informação da Nova Era, abaixo classificada como “Neutro”:
Este tema reproduz a estrutura geral do Tao e dos Cinco Elementos. Nota-se pelo símbolo abaixo, como os estágios finais (“Ultra”, “Contra”) têm o poder de penetração nos seus opostos - e parece que existe aqui, aliás, mais de um tipo de “cruzamento” desta natureza...
Como sempre acontece, este quadro também está sujeito à questão do tempo e da evolução, no caso, ao passo das gerações, tratando-se de tema ainda atual mas, na verdade, acabado já: os frutos maduros do Plano estão para ser colhidos, para felicidade do mundo inteiro!
Assim, a informação básica é dada e desenvolvida; possibilitando o sólido surgimento de uma linha-de-trabalhos, tratando-se daí de uma autêntica pedra-de-fundação; apesar de conter também falhas e aspectos sombrios (como erros de interpretação, lacunas doutrinais e críticas exageradas).
Em seguida, diretamente sobre esta informação, tem-se um novo ciclo de trabalhos, que serve de veículo para maiores desenvolvimentos, de onde saem a positiva pós-informação (exegeses, complementos) e a negativa anti-informação (plágios, distorções).
Por fim, e especialmente sobre estas imediatas bases anteriores, surge a ultra-informação (acabamentos, mateses) e a contra-informação (desvios, fascismos), viabilizando o amadurecimento pleno do quadro da informação, para bem e para mal, pois cada estágio anterior dá os seus frutos devidos.
Outros aspectos dialéticos
Nota-se também, que todas as formas da Filosofia Dialética se fazem presentes neste quadro.
A Dialética de Análise (ou Tese->Análise->Síntese), parece evidente através do trabalho de Alice A. Bailey, que esquadrinhou a Doutrina Secreta em busca do seu sumo, organizando didaticamente este vasto material para fins mais práticos e objetivos, especialmente em obras como “Tratado sobre Fogo Cósmico” e “Astrologia Esotérica”. A síntese viria na etapa final do Plano, destinado a “reabrir as verdadeiras Escolas de Iniciação”, realizar “a restauração dos Mistérios Eternos” e “manifestar a Hierarquia espiritual”.
A Dialética de Contrários (ou Tese->Antítese->Síntese), se notabiliza por exemplo pela atividade contestatória e sobretudo reformista de Alice A. Bailey, que fez a sua crítica ao andamento da Sociedade Teosófica (como o abuso de autoridade “em nome” dos mestres), e vindo a conferir uma estrutura totalmente diversa, espiritual e informal ao trabalho com a Hierarquia, declarando por exemplo que o importante para os Mestres não são as organizações, e sim os movimentos espirituais. Ao nível dos ensinamentos, eventualmente realizou a depuração das informações que deveriam ser corrigidas, como ao dizer Blavatsky simplesmente que “Sanat Kumara veio de Vênus” (que seria uma informação astronômica), quando na verdade ele surgiu é “no globo venusiano da cadeia evolutiva terrena” (o que representa informação astrológica). Por esta eventual imprecisão como mediadora, a sra. Blavatsky inadvertidamente acabou sendo uma patronisa involuntária da mistificação ufológica de perfil new age...
Ainda assim, podemos apontar uma forma de contestação ainda mais radical, nascida dos próprios quadros da Sociedade Teosófica da época (por assim dizer), através das atitudes “rebeldes” de Krishnamurti que, para bem ou para mal, contestou amplamente o próprio conteúdo dos ensinamentos teosóficos e, sobretudo, a idéia de Hierarquia -apesar de não ter recusado o título de “messias” que lhe fora conferido por seus tutores teosóficos... Apesar do radicalismo e da presunção do Sr. Krishnamurti, seu trabalho não estava totalmente afastado das perspectivas do Plano, enquanto fomento da consciência, e de certa forma pode equilibrar para o mundo exterior os excessos de formalismos da ST de então. Porém, o próprio Pano se encarregou de se regenerar, quando habilitou a Sra. Bailey para dar prosseguimento seguro ao trabalho dos Mestres.
Por fim, existe a postura da oposição verdadeira, advinda por vezes da própria Loja Negra, onde a distância das forças conservadoras (fascismo, etc.) se amplia por envolver o trabalho da Loja Branca um processo de criação e de transformação do mundo. E são os representantes da última etapa do Plano e seus opostos, que personificam e comandam naturalmente a grande Batalha Celeste, ademais de viverem na época em que a mídia mundana da informação está desenvolvida no seu máximo (teoricamente falando, é claro, uma vez que esta mídia sempre avança muito).
É pois a épica Batalha dos Dragões, sabendo que este símbolo tem sido usado tanto para o bem como para o mal, pois reunindo aspectos de todos os cinco reinos faz alusão à quintessência e aos Adeptos, possuindo o mesmo significado integrador da suástica (e do Pentagrama), ainda que, se os autênticos mestres o fazem de forma natural e impessoal, no caso dos falsos-adeptos se trata apenas de ambição desmesurada e doentia.
Nisto, a importância da etapa intermediária do Plano não pode ser minimizada, pois é ali que são colocadas as condições para a consumação do Plano nas mãos de um Dragão de Sabedoria, da mesma forma como o contrário daquela fase, ou o chamado Anti-Plano, termina por conduzir ao amadurecimento do Contra-Plano através das mãos de um Dragão de Trevas.
Pentagramas da Luz e das Trevas
Em contraparte, sabemos que “pelos frutos conhecereis a árvore” (Mt 7:16), de modo que estas manifestações finais de paroxia do bem e do mal, trazem naturalmente embutidas o testemunho sobre as bases sobre as quais estes processos vieram à luz, que são aquelas etapas médias anteriores portanto. Ou, algo como disse um sábio: “O discípulo dá testemunho do seu mestre através da sua conduta” (Serge R. de La Ferrière).
A espírito imundo da contra-informação, é o fruto apodrecido de uma árvore tortuosa. Da árvore ainda se salva o lenho de baixa qualidade, para algum fogo qualquer, mas o fruto podre serve somente para adubo, ainda que alguns possam desejá-lo (parece que isto sempre acontece, não é certo, senhora Eva?), na esperança de embriagar-se quiçá, porém mais facilmente eles serão envenenados.
Ah sim!, que ninguém julgue ser isto uma adaptação ou uma interpretação simbólica: a Árvore da Vida e a Árvore do Conhecimento que estão no Paraíso, possuem acima de tudo esta exata acepção: fornecer saberes positivos e negativos ao buscador, tratando-se assim de Escolas específicas manifestadas. Numa, o conhecimento está a reboque do amor e é por isto iluminado e todo-amoroso, tendo a sua Árvore guardada por um Anjo solar. Na outra, o amor, se existe, está condicionado pelo conhecimento, mormente erudito, e que portanto é um saber desviado, cuja Árvore está guardada por uma Serpente maliciosa. Os conhecedores profanos, buscam o saber como um ato prometeico, ou como uma ferramenta de poder. Mas os sábios verdadeiros, embora também estudem muito, obtém o saber de uma forma revelada, e suas pesquisas são sempre orientadas pela “luz da alma”.
As Duas “Árvores”: “Vida” e “Conhecimento”
Paradoxalmente, aquele que busca o conhecimento-pelo-conhecimento não o alcança (embora possa até julgar erroneamente que o faça...), senão de forma sempre incorreta, imperfeita e incompleta –ou de maneira apenas teórica, equivocada e especulativa. Pois nisto vale aquilo que Jesus falou: “Buscai primeiro o reino de Deus e todo o resto vos será acrescentado”, ou senão como São Paulo também falou esplendidamente:
“(...) segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3:16-19)
O conhecimento é como os famosos poderes iogues, que vem como atributos naturais da senda espiritual, na busca da luz e da verdade, pelo serviço ao Bem Comum. E nisto, vale sempre se indagação:
A quem servimos realmente, à letra morta ou ao Espírito da Verdade?
Esta é a grande questão a que todos os buscadores devem se perguntar.
Nisto, vale dizer que os caminhos da nova Árvore da Vida de doze frutos (e não mais de apenas nove esferas, como na velha Árvore Sefirotal da Cabala), que está anunciada no Apocalipse joanino, também se acham já abertos, ofertando em especial os frutos da Justiça social através da Sinarquia e da Saúde plena mediante uma Medicina natural/espiritual, assim como a Imortalidade mediante a iluminação científica e a Felicidade conjugal através das almas-gêmeas. Tudo isto representando, pois, a redenção das Quatro Chagas do Pecado Original: trabalho suado, enfermidade, desavença conjugal e morte, sob o beneplácito do chakra do coração plenamente outorgado à nova raça; permitindo viver o céu-na-terra e a terra-no-céu como nos dias do Paraíso, e anda mais, possibilitando a conclusão da evolução humana atual (a do homo sapiens sapiens) e sua breve ascensão a uma nova condição espiritual, semelhante à dos Adeptos de Sabedoria. O tema seguinte também trata deste tópico.