A Teosofia em geral tem uma forte influência nos novos ensinamentos, especialmente em suas vertentes históricas centralizadas em Helena P. Blavatsky e sua sucessora espiritual Alice A. Bailey. Porém, dentro das revelações do Plano da Hierarquia, procura-se hoje dar uma cor mais “científica” ao tema, tratando basicamente de retirar os véus remanescentes, além de apurar sínteses e agregar idéias complementares, como seria a questão social e a própria espiritualidade e iniciação. Esta é a origem da “Teosofia Científica”, uma doutrina promissora que trabalha basicamente com a Ciência dos Ciclos. Uma Teosofia Científica reuniria -nada mais e nada menos- que os dois pólos extremos do conhecimento (espiritualidade e ciência), preenchendo daí todo o leque do humano saber.

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Blavatsky e Bailey: uma grande Dialética

A Filosofia Dialética pode ser vista resumidamente como análise e síntese, onde a primeira separa e disseca as coisas e a segunda as reúne e organiza, representando assim processos didáticos complementares. 

Aqui podemos dizer que Helena P. Blavatsky era uma espécie de mestra da análise, pois ela realmente se preocupava em dissecar os conceitos e os significados, razão pela qual até criou um Glossário. A sua didática era por assim dizer primária no sentido de realizar uma alfabetização de conteúdos, pois era isto que se pedia numa época em que o Ocidente precisava conhecer mais a fundo o Oriente. Talvez com isto ela tenha despertado todo um interesse mais profundo e facilitado os caminhos para que os orientais começassem também a se aproximar de nós pela criação de uma maior familiaridade com as filosofias do Oriente para um público mais eclético e filosoficamente engajado. Como um trabalho pioneiro que era a autora também somou um grande número de polêmicas, inclusive nos próprios conteúdos da sua obra e em especial a mais importante que foi a sua Doutrina Secreta, onde busca combinar vários estilos de conhecimentos numa espécie de síntese experimental. Apesar de seguir uma trajetória relativamente errática na espiritualidade, Blavatsky ainda levou uma vida razoavelmente consagrada na sua busca da Verdade, colhendo assim os frutos que lhe caberiam.

Já Alice A. Bailey, que foi uma grande estudiosa da obra da anterior, teve uma missão espiritual bastante distinta, até oposta num certo sentido, que foi aquela de realizar sínteses, de modo que podemos observar aqui um pensamento bastante mais orgânico, prático e operacional. Bailey chama todo o tempo para um outro nível de engajamento, mais espiritual, seja nas áreas da mística interna e do ocultismo prático, no conhecimento das Hierarquias ou nas questões políticas e sociais da sua época. Ela apresenta para isto muitas fórmulas de como as coisas funcionam objetivamente, e com isto adquirimos familiaridade com as suas dinâmicas, inclusive aproximando-nos internamente de muitos sistemas tradicionais de conhecimentos esotéricos, além de avançar em muitos pontos da própria hermenêutica teosófica. Para muita gente tudo isto ainda é muito desafiador, porque as pessoas não costumam estar preparadas para grandes instruções, elas querem algo mais suave como prescrições morais e misticismo, e isto também existe em Bailey mas será mais comum nos autores teosofistas. É por isto que Bailey também angariou adversários em função dos seus posicionamentos diante das situações históricas que viveu e das teorias e dos movimentos que criou ou que apoiou. Bailey alcançou um grau maior de dedicação ao conhecimento, assumiu responsabilidades concretas e seguiu escolas espirituais de forma mais metódica -incluindo a própria Sociedade Teosófica- antes de tornar-se autora e amanuense da Hierarquia.

E embora o que segue já transcenda ou extrapole o nosso assunto, é importante dizer que ambas as autoras também trabalharam com profecias, incluindo de nível filosófico ou epistemológico, ao preverem um futuro ciclo mais avançado e conclusivo de ensinamentos para o final do século XX -algo que pode surpreender ao leigo ou ao devoto que se debate ainda para compreender estes ensinamentos, sem entender que as dificuldades acontecem em parte justamente por seu caráter velado. Podemos evocar então aqui um elemento pouco conhecido da Filosofia Dialética que é a Matese, que podemos definir como realização ou práxis -algo que Karl Marx também reivindicava para a filosofia, muito embora num plano materialista. Aparentemente a descrição do trabalho de Bailey alcançaria este fator ao menos em parte. Acontece porém que as citadas autoras, apesar de divulgarem, analisarem e reunirem temáticas, também foram mestras de mistérios, trabalhando com véus de diferentes maneiras naquilo que diz respeito a algum nível de revelação. Se Blavatsky muitas vezes não compreende as fronteiras entre o símbolo e o real, já Bailey maneja com maior maestria a didática dos véus. Houve contudo temas que foram subdimensionados em suas obras e que mereceriam maiores desenvolvimentos, coisa que vem sendo em parte realizado por outros autores, posto que os tempos ainda não estavam maduros para certas revelações maiores. E na verdade estas sequer estariam já apenas nas próprias informações e sim na própria capacidade das pessoas em recebê-las, o que implicaria numa recapacitação pessoal para conhecer e experimentar certas realidades maiores da existência, exigindo um grau maior de dedicação e de especialização do que aqueles que os ocidentais estão acostumados a empregar. Enfim é chegada a hora do Ocidente começar a se profissionalizar nos temas de uma espiritualidade integral ou tradicional, algo que a rigor sequer existe mais no próprio Oriente já faz muito, apesar de ainda restarem ali muitos sinais de uma verdadeira Idade de Ouro da Civilização. 

E nisto Blavatsky e Bailey foram como introdutoras e Mães de uma Nova Era. Nós inclusive apreciamos reunir as letras-chaves destas autoras, que são o mesmo “B”, de forma contraposta entre si, para sugerir um certo paralelo com a vesica piscis que simboliza o útero da Virgem que dá nascimento ao Cristo. Ao lado temos pois este comparativo. No símbolo B+B o traço vertical serviria para retratar o Logos axial que emerge do cruzamento das esferas na vesica. O número “oito” também sugerido por ambas as formas remete ao mundo dos Budas, resultando igualmente profético para aquilo que se aguarda nas esferas divinas na atualidade. 


* Sobre o Autor:

Luís A. W. Salvi (LAWS) é estudioso da Teosofia e dos Mistérios Antigos há mais de 40 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo tradicionais, publicou a Revista Órion de Ciência Astrológica pela FEEU e dezenas de obras pelo Editorial Agartha. Na última década vem redirecionando os seus conhecimentos para a Teosofia, realizando uma exegese ampla da Doutrina Secreta e também das Estâncias de Dzyan.


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