A Teosofia em geral tem uma forte influência nos novos ensinamentos, especialmente em suas vertentes históricas centralizadas em Helena P. Blavatsky e sua sucessora espiritual Alice A. Bailey. Porém, dentro das revelações do Plano da Hierarquia, procura-se hoje dar uma cor mais “científica” ao tema, tratando basicamente de retirar os véus remanescentes, além de apurar sínteses e agregar idéias complementares, como seria a questão social e a própria espiritualidade e iniciação. Esta é a origem da “Teosofia Científica”, uma doutrina promissora que trabalha basicamente com a Ciência dos Ciclos. Uma Teosofia Científica reuniria -nada mais e nada menos- que os dois pólos extremos do conhecimento (espiritualidade e ciência), preenchendo daí todo o leque do humano saber.

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As Estâncias de Dzyan e a verdadeira espiritualidade

Brahma Hansavahana

Seriam os Manasaputras "cíclopes humanos" e os Agnishwattas "anjos solares" como afirma a Doutrina Secreta?! Não exatamente, pois na realidade aqueles seriam meditantes criativos em treinamento e estes seriam iniciados solares consumados. Pois tampouco faria sentido relacionar o próprio manasaputra (esotericamente “dotado de mente”) a qualquer técnica contemplativa ou de controle passivo da mente. A condição manasa emprega a mente de forma dinâmica e criativa, como aquele que faz uso do seu cavalo após havê-lo domado ao invés de meramente guardá-lo no estábulo sem maior serventia. Este é inclusive o sentido do simbolismo solar do cavalo na cultura arya, e que o Tibet expressa de maneira exuberante nos vínculos com o plano mental através do Cavalo de Vento ou Lung Ta que carrega a jóia Cintamani (espécie de Pedra filosofal) que remete à mente iluminada. Tudo isto integra pois a cultura solar das raças terciárias como foram a Lemuriana e a Árya, na preparação das grandes transições de rondas planetárias.

De outra forma os divinos Construtores citados nas Estâncias de Dzyan jamais teriam alcançado o sucesso nos seus ousados empreendimentos cósmicos e raciais na transição do atual Manvantara, da mesma forma como os místicos atuais seguem inoperantes para qualquer projeto maior de renovação das coisas, como eram também nos tempos de Krishna tendo Arjuna como um paradigma desta condição passiva e individualista. Tornar-se um Agnishwatta, um Portador da Chama, significa ser um iniciado solar empoderado para realizar no mundo os projetos dos Grandes Senhores, como seres audazes e indômitos acima dos erros e das limitações que imperam na humanidade. Os Cisnes sagrados (Hansavahana) sempre flanam suavemente acima do lago das ilusões e alcançam os seus luminosos objetivos sem deter-se, após conhecerem as grandes diretrizes da Hierarquia para o período racial em questão.

Lung Ta e Cintamani

Sim contestamos todo o ensinamento atribuído às Hierarquias que trate de questões menores, individuais e materiais. O próprio misticismo acha-se dramaticamente questionado aqui, posto que dificilmente teria lugar fora de algum enquadramento solar ou propriamente iniciático, tal como socialmente construtivo do tipo “liberta a ti mesmo para libertar também o teu próximo” -para além da simples esfera subjetiva naturalmente. É claro que tampouco estamos falando de luta social materialista, mas de uma oitava acima disto, muito conhecida das lideranças antigas que criaram as primeiras Civilizações e além, pois eram Espíritos vibrantes e entusiastas com a possibilidade de servir em grande escala, empoderados pela força do Espírito vivo, e invariavelmente descritos como “gigantes” nos registros antigos, portadores audazes das Espadas de Luz forjadas no gelo e no fogo, e dotados de férreas Armaduras Luminosas arduamente adquiridas no serviço abnegado.

Existem questões coletivas que são universais fazendo parte de todo o histórico de esforços das Hierarquias, como é o combate à alienação e à cultura de massas. De modo que qualquer ensinamento que não toque nestas questões será suspeito de parcialidade e de reducionismo, quiçá reminiscências do espírito atlante em plena era de luz espiritual e de libertação humana. Os objetivos de todos Aqueles que habitam as Nuvens de Fogo não podem ser menores do que desejar que cada um de seus verdadeiros seguidores seja como um sol para o seu próximo. Exemplo disto são as Estâncias de Dzyan mesmas que -independentemente daquilo que os seus pobres intérpretes possam fazer destas raras pérolas de sabedoria-, são um ensinamento que jamais perde do horizonte a perspectiva da Iniciação Solar (classificando também a raça lemuriana como Hansa) e a capacitação humana para tal na forma dos Manasaputras ou seres mentalmente aptos para a meditação criativa, para logo demonstrar os conflitos que podem resultar das vigorosas ações sociais dos seus protagonistas -e que na prática representa a batalha de Shambhala do Kalachakratantra-, até alcançar os transcendentais resultados de tudo isto na organização de uma verdadeira Civilização iluminada pela batuta dos Reis divinos manifestosO mesmo muito provavelmente se poderia dizer de outros famosos épicos da Índia como o Ramayana e o Mahabharata. Tudo isto representa seguramente uma manifestação do VITRIOL planetário, ou seja: aquele que busca a terra espiritual sempre encontra a Jóia ocultista na forma da Mônada auto-iluminada.

Yoga solar egípcio, Tumba de Tutankamon

Segundo as mesmas Estâncias os Mestres aguardaram muitos milênios no decurso do Pralaya até surgir uma raça manasaputra ou mentalmente capacitada para a espiritualidade, que foi a raça lemuriana “reformada”, porque aspirantes física e emocionalmente capacitados já haviam nas duas primeiras raças, que são os iogues e os devotos ali descritos, mas que todavia ainda eram consideradas amanasas ou “sem mente” para os propósitos espirituais. Acontece que apenas a meditação solar capacita para a verdadeira iniciação, conferindo superior inteligência, imunidade astral e ativa capacidade colaborativa com as Hierarquias, sob a égide das Hipóstases sagradas de Som-Luz-Amor ou OM MANI PADME HUM. Esta capacitação era fundamental porque era preciso preparar a chegada do Manvantara e começar a organizar a Civilização, demandando colaboradores entusiastas e dispostos a liderar a humanidade em seus novos caminhos.

Podemos dizer que no Manvantara atual o quadro não é tão diferente senão em termo de escalas. O conhecimento solar já estava mais próximo mas não se firmou na Atlântida, porém na raça arya alcançou certa universalização nos primeiros milênios a partir das Escolas Iniciáticas contribuindo para organizar as Civilizações; decaiu e veio a Cultura solar de Amarna para tentar uma revivificação malograda, transferindo então para a Pérsia o facho da luz. Novamente se perdeu na Era de Peixes mas teve outra revivescência medieval na Índia, razão pela qual a literatura tântrica busca deixar claro a diferença dos ritmos evolutivos através dos métodos dos Tantras e de outras vias. Hoje a cultura solar novamente agoniza à espera de um novo grande despertar, encontrando aqui e ali expositores de aspectos da tradicional espiritualidade solar. 

Yoga solar tântrico, Templo de Lukhang, Lhasa

A expressão “espiritualidade verdadeira” transparece no termo “raja yoga” ou ioga real e verdadeira, que é aquela mais pertinente à evolução arya porque centrada na meditação. Não obstante existem muitos sistemas de Raja Yoga e nem todos alcançam os mais elevados propósitos do Yoga solar, em função do conhecido declínio do Dharma no decurso dos Yugas ou das Idades do Mundo. Versões deste yoga solar também existe hoje com outros nomes como Agni Yoga ou Surya Vidya.

A verdadeira iluminação espiritual sempre foi considerada uma conquista muito avançada. Não se imagina ter iluminação numa casa sem colocar os fios, ligar na rede e encaixar as lâmpadas. De modo que o assunto pode não ser tão simples como por vezes se quer imaginar. Face a isto surgiram metas mais modestas com insights provisórios, como se o Sol pudesse ser trocado pela Lua impunemente. Aqueles que creem que a verdadeira prática árya é a meditação contemplativa estão grandemente equivocadas, pois tal coisa não passa de uma adaptação do materialismo ou do hedonismo da Era de Peixes.

É uma coisa muito triste imaginar quão difícil é encontrar aspirantes realmente capacitados a receber a mensagem direta dos Mestres, e de acolher um Ensinamento elevado capaz de conduzir até a Sua proximidade. As condições do planeta e da cultura influenciam nisto como vimos. Não obstante uma grande crise planetária ainda poderá provocar um renascimento da luz pela via da dor, da urgência e da necessidade da auto-superação humana, agora que se começa a preparar um novo giro da Grande Roda do Tempo. Neste dia as pessoas voltarão a procurar seriamente pela iluminação espiritual, descobrindo que neste caminho elas também precisarão aprender a servir, a auxiliar-se e a congregar-se harmoniosamente. Mas acima de tudo a reaprender a ter seriamente compromisso com as futuras gerações, o que em última análise poderá beneficiar a elas mesmas, se creem como deveriam que este mundo deve servir de palco para a evolução desta humanidade.


* Sobre o Autor:

Luís A. W. Salvi (LAWS) é estudioso da Teosofia e dos Mistérios Antigos há mais de 40 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo tradicionais, publicou a Revista Órion de Ciência Astrológica pela FEEU e dezenas de obras pelo Editorial Agartha. Na última década vem redirecionando os seus conhecimentos para a Teosofia, realizando uma exegese ampla da Doutrina Secreta e também das Estâncias de Dzyan.


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