Algumas coisas podem ser tidas como certas em relação aos estudos da evolução humana, naquilo que diz respeito a metodologias. Ainda que algumas descobertas possam ser definitivas dada à eloquência que apresentam, ainda assim a tendência é que novas descobertas sejam realizadas, enriquecendo o panorama que tem-se hoje da evolução. Afinal é apenas uma questão de lógica compreender que tudo aquilo que é mais recente também é mais fácil de ser achado. E o que for mais antigo deverá demandar maiores esforços para ser descoberto, pois naturalmente tende a estar mais perdido ou até definitivamente destruído. Ademais os próprios valores que as sociedades nutrem tendem a nortear as suas linhas de investigação, tal como as suas metodologias. Reiteramos pois a lacuna das “raças” do atual Esquema Planetário previamente ao Globo atual, ligadas a revoluções cognitivas anteriores à atual quaternária. Pretender conferir conteúdos ao Paleolítico Médio tem sido tão desafiador quanto investigar a fundo os valores e a vida cotidiana da Idade Média.
Por muito tempo o quadro da evolução da nossa espécie tem chocado a Ciência, porque de um lado sabia-se que o Homo sapiens possui 200.000 anos ou mais, porém a celebrada “Revolução Cognitiva” atual deu-se apenas em torno de 50.000 anos atrás. Enquanto permanecia ainda na África, o ser humano estava se mantendo num estado cultural mais primitivo. Foi somente sob as migrações humanas que ocorreu a Revolução Cognitiva para a nossa espécie, na alvorada do Quarto Globo atual.
O que aconteceu afinal durante todo aquele tempo anterior, quando aparentemente a nossa espécie permaneceu no seu estado mais natural e primitivo? Hoje se sabe que essa transição não foi assim tão abrupta, mas permanecem duas possibilidades que não são exatamente antagônicas. Por um lado, o fato do Homo sapiens não adotar a chamada “Modernidade Condutual” antes da sua atual Revolução Cognitiva, dever-se-ia simplesmente à ausência de necessidade para isto, ainda que as pesquisas estejam concluindo que os rudimentos destes padrões já estavam todos presentes há muito, ou seja: a sua potencialidade.
Por outro lado, podemos esperar que aquela nossa primeira pré-história tenha sido realmente desafiadora, porque como uma espécie nova deve ter sofrido muitos percalços, inclusive dificuldades para se impor diante de outras mais antigas e consolidadas. Mesmo dentro da África o ser humano encontrava um quadro bastante complexo de espécies, fossem do próprio Homo sapiens ou não. O outro e o diferente sempre foram vistos com temor e desconfiança de parte a parte. Como uma espécie emergente, éramos enxergados como uma ameaça potencial pelos mais antigos, então havia uma guerra de controle preventiva.
Mas também se poderia estimar que a própria juventude da espécie a mantivesse num estado natural de forma mais ou menos voluntária. Tal como poderia haver um estado de anarquia em nossa espécie que não lhe permitiu organizar-se como deveria para ser capaz de reivindicar a sua emancipação.
Em última análise, a verdadeira razão pela qual adquirimos um comportamento moderno seria muito mais circunstancial do que se costuma imaginar. As sementes para isto há muito estavam lançadas, existiam exemplos e informações, porém não havia organização social suficiente para fazer os sonhos florescerem. Talvez tenha começado a surgido a certa altura lideranças carismáticas capazes de mobilizar e de reunir as pessoas, quem sabe um êxodo foi promovida sob a batuta de um primitivo Moisés, um herói civilizador emergente dentro do deserto cultural da época, ou pode simplesmente ter chegado a hora sob as pressões de um contexto maior irresistível.
![]() |
Temor & terror: a anti-Sinarquia |
Vários fatores podem ter contribuído para manter o ser humano na “escuridão” por tanto tempo, entre eles a falta de uma linguagem mais articulada. Podemos estimar que a linguagem surgiu em alguns círculos mas não foi divulgada para todos, mantendo-se como um recurso secreto para iniciados e entre os poderosos -uma elite do poder e do conhecimento enfim. Certamente a população já estava cansada da tutela dos seus clãs e dos seus feiticeiros, não raramente veículos do temor e do terror -a chamada anti-Sinarquia, enfim-, e de cujas vantagens não tinha mais tanta certeza assim, desejando antes conhecer novos modelos culturais e outras espiritualidades.
Os próprios guias e mentores xamânicos dos Homo sapiens esforçavam-se por manter o ser humano longe das influências daquelas espécies excessivamente mergulhadas na tecnologia e outras formas de cultura que pudessem considerar espiritualmente nocivas. O xamanismo é austero e por vezes poderoso, e as humanidades primitivas estavam muitas vezes sob a sua estrita custódia. Mais do que um local de exílio do progresso, a África era considerada pelos antigos sábios como um local de proteção das culturas originais da humanidade.
Haveria daí um controle daquilo e daqueles que entravam na África, como uma alfândega de fronteiras e uma censura de costumes. Toda novidade seria prontamente extirpada e todo rebelde sumariamente executado, após ser estudados como fonte de informações. Contudo a Continente tinha muitas “portas” e esforços eram feitos de diferentes maneiras para contornar os controles. Numa época em que não havia dinheiro era mais difícil comprar favores, mas sempre era possível alcançar vantagens. Esta é uma das razões da importância antiga da escravidão. Não poucos pagaram o preço da sua liberdade com uma nova servidão, ao menos provisoriamente.
Muitos lançavam-se ao mar em balsas improvisadas com alguma provisão esperando atracar após alguns dias numa outra margem, ou pelo menos encontrar alguma ilha no meio do caminho. De modo que as coisas nem teriam mudado tanto desde aqueles idos até os nossos dias de balsas e de coiotes… Mas foi assim que, entre perdas e ganhos, o Homo sapiens conseguiu chegar a tantas partes. E nada casualmente, este impulso para o novo e para a viagem estaria diretamente ligado ao progresso da nossa espécie.
O Quarto Globo e as Migrações
O impulso da atual Revolução Gognitiva está diretamente ligada às migrações do Homo sapiens. Talvez devêssemos considerar que entre as causas das migrações estivesse justamente a aspiração por um novo modelo cultural que não encontrava espaço na própria África. É possível que Emissários tenham vindo de fora, ou eram apenas indivíduos “cultos” e “viajados” conhecedores do mundo, para tentar civilizar os humanos, vendo neles uma população cansada e oprimida longamente, à espera de uma oportunidade e disposta até a migrar na esperança de encontrá-la.
A grande mensagem que disseminou-se na aurora do Quarto Globo através de toda a África foi como esta: “A liberdade está lá fora, os nossos antepassados ousaram sair e venceram, e hoje estão à nossa espera para mostrar o caminho.” Promessas de um mundo novo chegavam a toda hora e por todo lado. As pessoas foram convencidas de que estavam perdendo o carro da evolução, e no momento em que conseguisse se libertar tratariam de dar o seu melhor.
As migrações ex-África terão tido vários motivos, porém a migração em si seria um grande desafio, carregado de desafios que demandaram o incremento da engenhosidade e aprendizados com espécies que foram encontradas mundo afora e com as quais cruzamos de muitas maneiras.
Contudo esta expansão do Homo sapiens também pode ter selado o destino de outras espécies mundo afora, até porque haveria cada vez mais gente migrando para fora da África à medida em que as novas conquistas eram anunciadas. Lá fora no mundo muitas novas possibilidades se abriam e todos desejavam embarcar nesta aventura. Testemunhos múltiplos de inovações eram trazidos na forma de arte, beleza, ciência, mistério, poder e sabedoria, seduzindo assim os espíritos para o raiar seguro de um novo grande dia.
Ao menos era assim que as coisas eram apresentadas, porque na prática o quadro seria por vezes muito diferente, na medida em que os desafios também não eram menores fora do que dentro da África, razão pela qual muitas migrações resultaram em fracasso, especialmente quando se dirigiram para regiões climaticamente adversas. Muitas destas migrações somente deixaram rastros através de suas descendências cruzadas com outras espécies. Deste modo que as populações que alcançaram preservar melhor as suas raízes foram aquelas primeiras que seguiram as linhas costeiras na direção do Leste, onde os obstáculos eram menores e mais previsíveis.
Lembremos que os Sapiens seriam considerados invasores da Eurásia pelos Neandertais e por outras espécies. Assim, é natural que as humanidades mais antigas atuassem no sentido de manter sob controle esta nova população, inclusive tentando mantê-la subjugada, enquanto tal coisa fosse possível.
Na época da nossa Revolução Cognitiva, os Neandertais alcançaram o seu ápice demográfico atingindo talvez até 70.000 indivíduos. Não obstante em poucos milhares de anos eles seriam extintos. Isto naturalmente coloca uma séria questão sobre o papel do sucesso da nossa espécie nesta extinção. Por certo tempo, talvez enquanto éramos ainda poucos e submissos, eles puderam crescer e prevalecer. No entanto a certa altura teria ocorrido uma grande virada e tudo mudou. Poderá ter contribuído para isto as crescentes levas de migrações sapiens saídas da África que engrossavam mundo afora a nossa espécie. Seria possível imaginar cenários de como as coisas se deram então.
LAWS, “A Doutrina Secreta Revelada”, Volume I, “Cosmosíntese”.
www.agartha.com.br
Conheça “A Nova Dispensação de Luz da Hierarquia”
Para acessar as Obras da Nova Dispensação clique Aqui. Os conteúdos em formato e-book são disponibilizados gratuitamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário