Acontece que apesar da fase atual do mundo, ainda assim a humanidade tem sido contemplada com grandes benesses, especialmente quando aceita ser orientada por Seres especialmente enviados para lhe ensinar formas mais elevadas de viver sobre este planeta. Considerando a grande evolução destes seres e seus conhecimentos excepcionais, seguir os seus ensinamentos pode equivaler a penetrar numa verdadeira cápsula do tempo para atravessar éons completos em poucas etapas de existência, pois é mais ou menos isto que eles mesmos realizam através das suas elevadas iniciações.
Cada Mestre vive numa espécie de temporalidade excepcional definida pela refinada qualidade de consciência e pela intensidade da energia acrescentada, ainda que a sua condição de renunciante do Nirvana e o fato de usar um veículo mayavi-rupa com limitações dificulte uma percepção mais clara da sua exaltada condição. Este sacrifício pessoal aparente do Tempo Divino da Hierarquia é realizado como uma expiação especial em prol da humanidade, como uma espécie de diluição de um néctar divino num poço contaminado.
Este Tempo Divino sob o qual a humanidade está evoluindo sem mal saber, corresponde a uma espécie de redoma protetora contra todo um conjunto de energias negativas que de outra forma poderiam atingir diretamente o planeta, mas que fica afastada em função das energias continuamente geradas pela própria iluminação dos iniciados e da sabedoria aplicada da Hierarquia geração após geração. Esta redoma inclusive estava representada muitas vezes nas antigas Cosmologias, em alusão à proteção fornecida pela cultura espiritual ou religiosa a uma dado sociedade.
Acontece também que a própria ideia original da Civilização está relacionada ao conceito de “iniciação coletiva”, diretamente vinculado à questão das “raças-raízes”. Para a Hierarquia a Civilização atual deve ser uma projeção social dos conhecimentos espirituais das Escolas de Iniciação, as quais foram primeiramente desenvolvidas no período atlante como células internas para depois serem socializadas no período áryo de civilização, como deixam claro muitos dos antigos conceitos sociais amparados na cultura e na própria espiritualidade.
O Projeto-Humanidade -ou da Humana Existência- representa algo muito maior do que os próprios seres humanos costumam imaginar, pois envolve um curso evolutivo de dezenas de milhares de anos culminando numa liberação progressiva dos seres diante das forças ocultas ou manifestas da Natureza. O ambiente evolutivo da humanidade é por isto também muito mais complexo do que geralmente se estima, contando com poderosas forças subjetivas, sociais e culturais que podem moldar facilmente o seu destino à revelia do seu próprio desejo e do melhor aproveitamento das coisas, perante aquelas raras e preciosas oportunidades que o universo coloca ao seu alcance.
Pois a grande realidade é que, e ao contrário daquilo que a Ciência profana costuma imaginar, para a espécie humana as outras espécies ditas inferiores e mesmo as condições ambientais, nunca foram os únicos e nem os maiores desafios existentes nos caminhos humanos. E sim o conjunto de questões abertas pelos próprios potenciais dos seres conscientes de modificar a Natureza não apenas exterior mas também interna das espécies, a começar pela sua própria, através do desenvolvimento das complexidades da cultura humana, que é um conceito sujeito a grandes experimentações através dos éons, para bem ou para mal, e na direção das maiores montanhas celestiais ou dos maiores abismos infernais, capazes de produzir movimentos de redenção e de perdição, com criação e destruição de mundos -situações que o ser humano médio tende a ignorar, mas que ainda assim acham-se muito mais próximas do que se costuma acreditar, e que sempre se mostram pelos efeitos das suas próprias iniciativas.
Ainda assim não podemos dizer que o ser humano seja um simples “joguete do destino”, porque sempre lhe são dadas opções. Naturalmente o surgimento das forças da luz é que realmente abriram tal opção, pois até então ele penou muito sob a opressão dos poderes trevosos e encadeantes que amiúde lhe perseguiram, seja através daqueles que desenvolveram poderes psíquicos tenebrosos, mortais e apavorantes, ou face às forças políticas organizadas capazes de oprimir aqueles que lhes sejam levemente diferentes -e inclusive ambas estas potências reunidas!-, tal como seguem fazendo ainda hoje, mas não mais como uma potestade única diante do universo externo ou interno, uma vez que muito mal e opressão tem sido já reduzidos de fato ou afastados em função das iniciativas das forças da luz.
A companhia da Hierarquia fornece todo um instrumental especial de recursos para a humanidade poder atravessar a existência de uma forma criativa e produtiva, evitando as muitas armadilhas que poderá encontrar no caminho geradas pelas complexidades de sua própria condição de entidade consciente, onde amiúde surgem desafios produzidos por seu próprio mundo interior sujeito à força dos elementos, tal como do convívio com seus semelhantes e que tampouco costuma representar uma provação menor. Mesmo quando decida reagir ao mal exterior o ser humano ainda tende a sucumbir ao mal interno pela impulsividade ou pela ingenuidade, daí a importância das forças especializadas e realmente experientes nos verdadeiros caminhos da Realidade cósmica: somente os Vitoriosos podem auxiliar na conquista da Vitória de todos.
Tempo é energia e energia é tempo. Para controlar o tempo não basta reajustar um calendário ou buscar experiências artificiais de consciência. É preciso investir fortemente na própria iniciação e na definitiva iluminação, dando os passos necessários para isto, inclusive sob a devida inserção social. Certamente tal coisa pode dar trabalho mas é para isto também que existem os Orientadores a fim de permitir o máximo de aproveitamento no prazo mais breve possível, do contrário mesmo que alguém se esforce espiritualmente ela pode terminar permanecendo ainda em alguma das camadas do Samsara como tão bem observam os budistas.
O Tempo Divino não é alguma cronologia quantitativamente misteriosa, pois o seu verdadeiro mistério é simplesmente qualitativo. É mais ou menos como na distinção que se busca fazer entre Kairos e Kronos em termos de tempo qualitativo e tempo quantitativo respectivamente. As medidas do Tempo Divino são as naturais, porém para que o seu conteúdo superior seja alcançado é preciso trabalhar com a Hierarquia ou alcançar a própria iluminação. De outra forma este tempo poderá estar sendo profanado, por mais que alguém se esforce de forma independente nos caminhos espirituais, porque sem uma guia segura nestas matérias as práticas quase certamente serão reduzidas e os conceitos estarão distorcidos, dado o seu próprio refinanciamento e elevação.
Não obstante em maior escala se trata de uma realidade que é alcançada através da aceitação das dádivas da Hierarquia. Para que a humanidade possa dar grandes saltos na sua evolução basta que ela reconheça o seu estágio médio ainda primário de evolução e conceda aos Mestres o devido lugar de conselho e de orientação na economia espiritual do mundo.
Pois a humanidade também vive e evolui dentro desta grande Câmara de Iniciação que é a própria Merkabah planetária atestada pelas profecias, cujas rodas são os próprios ciclos da formação humana, cujos guardiães alados são os anjos protetores e cujos guias coroados são as Hierarquias capitaneadas pelo excelso Senhor do Mundo entronizado no centro do Carro divino.
Os vários “olhos” que ornam as rodas da Merkabah segundo as profecias, são as sucessivas consciências iluminadas que se desenvolveram, manifestaram e todavia seguem presentes colaborando para que este mundo possa avançar até um Plano de maior plenitude e harmonia.
Hoje a Carruagem Celeste está com suas quatro grandes rodas praticamente completas e preparando-se para penetrar no Quinto Mundo cósmico onde todo o planeta poderá começar a aurir da verdadeira perfeição que os Mestres gozam em seus mundos próprios.
A Era de Aquarius setenária representa a própria transição “fractal” do ciclo cósmico, e seu símbolo da dupla-onda alude aos tempos paralelos que se começará a viver no decurso da sua evolução, onde grandes crises mundiais deverão conviver então com grandes realizações espirituais.
Existe um grande abismo entre o passado da humanidade e o seu futuro que apenas poderá ser transposto sobre os ombros dos Iluminados. Este abismo está simbolizado pelo Tempo Humano -é a natureza da cronologia que Blavatsky emprega na sua Doutrina Secreta- cuja duração é muito maior porque pertence à esfera experimental do erro-e-acerto, que na verdade é infindável e se destina ao caos irremediável. Esta é pois a grande diferença entre o Samsara e o Nirvana.
Tão adversas as pessoas são hoje de uma ideia de “Tempo Divino” que elas chegam a imaginar que o verdadeiro tempo sagrado seria algum outro de imensa extensão, quando a realidade é completamente outra. Quando as Filosofias do Tempo orientais apresentam um modelo cronológico ampliado chamado de “Tempo Humano”, elas estão justamente buscando demonstrar que a existência na matéria representa algo sem fim semelhante a estar perdido num labirinto.
Assim, ao invés de ser expandido o Tempo-energia divino é isto sim concentrado até eclodir no não-tempo da iluminação espiritual, onde se abrem então todo um novo universo de possibilidades para o ser humano através do acesso às “energias livres” do cosmos. A concentração da energia emprega também o domínio dos quatro elementos dentro da sua Hierarquia cosmológica natural, daí o símbolo destes elementos nas hierofanias tradicionais (abaixo).
As grandes Hierarquia atravessaram muito lá atrás esta experiência material e emergiram após muito tempo como algumas de suas mais raras e elevadas florescências, para então assumirem conjuntamente a monumental tarefa de criar um Planeta sagrado às custas de grandes sacrifícios pessoais. A importância deste fato é reconhecido pela Ciência de forma indireta, tal como ela reconhece tantas outras conquistas da espiritualidade universal sem compreender os verdadeiros valores em causa que afinal são mesmo por vezes por demais elevados e transcendentais. Tratar da chamada “Revolução Cognitiva” quando a espécie humana passou a adotar uma série de padrões culturais fundamentais que até hoje encontram-se na base da sua cultura, como civilidade, espiritualidade, estético, regras matrimoniais e táticas de subsistência.
E hoje tudo isto se acha muito perto de começar a alcançar os seus patamares de perfeição, ainda que neste caminho a humanidade também deva conhecer algumas de suas maiores provações. Estas crises cíclicas seriam inerentes ao próprio processo de manifestação e aos esforços do impulso vital de renovação e avanço das coisas. Tais conhecimentos supremos foram antecipados por muitas tradições. E esta é também a grande mensagem que a Teosofia traz hoje para a humanidade ainda que oculta por detrás de muitos véus.
* Sobre o Autor:
Luís A. W. Salvi é estudioso da Teosofia e dos Mistérios Antigos há mais de 40 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo tradicionais, publicou a Revista Órion de Ciência Astrológica pela FEEU e dezenas de obras pelo Editorial Agartha. Nos últimos doze anos vem direcionando os seus conhecimentos para a Teosofia, realizando uma exegese ampla da Doutrina Secreta e também das Estâncias de Dzyan.
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