A Teosofia em geral tem uma forte influência nos novos ensinamentos, especialmente em suas vertentes históricas centralizadas em Helena P. Blavatsky e sua sucessora espiritual Alice A. Bailey. Porém, dentro das revelações do Plano da Hierarquia, procura-se hoje dar uma cor mais “científica” ao tema, tratando basicamente de retirar os véus remanescentes, além de apurar sínteses e agregar idéias complementares, como seria a questão social e a própria espiritualidade e iniciação. Esta é a origem da “Teosofia Científica”, uma doutrina promissora que trabalha basicamente com a Ciência dos Ciclos. Uma Teosofia Científica reuniria -nada mais e nada menos- que os dois pólos extremos do conhecimento (espiritualidade e ciência), preenchendo daí todo o leque do humano saber.

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A Política na Teosofia


Sabemos que Helena P. Blavatsky, mulher de caráter arrebatado, militou politicamente quando era mais jovem, atuando até como combatente revolucionária. Aos 25 anos, filia-se à associação carbonária Jovem Europa, a convite de Mazzini (que depois renegaria a Carbonaria). Aos 37 anos, Blavatsky foi muito ferida na Batalha de Mentana, quando lutava ao lado de Garibaldi. Morre aos 60 anos de idade, envolta nas suas altas tarefas teosóficas.

Contudo, a única alusão política existente no “Glossário Teosófico” de Helena P. Blavatsky, diz respeito ao verbete abaixo:
“Teocracia (do grego Theós, Deus e Kratos, domínio).- Governo de uma nação pela imediata direção de Deus; governo no qual o poder supremo está submetido ao sacerdócio.” (G.T., H.P.B.)
Afinal, este seria mesmo o regime mais afim à uma “Teosofia”; HPB saberia que este é o regime social mais avançado e espiritual que existe no ciclo humano de evolução. A autora chega a detalhar as duas formas de teocracia, uma na qual a sociedade vive sob direta orientação de um Profeta, um Patriarca ou um Manu (como ocorreu com os hebreus sob Moisés, a partir dos paradigmas de Noé e Abrahão), e outra quando existe um clero mediador, quando podemos ter na verdade uma “hierocracia”, hagiocracia e até uma “clerocracia”, que é uma expressão depreciativa do regime quando corrompido.

Ora, se Blavatsky não tivesse “refeito a sua própria cabeça” noutros termos, ela teria criticado a Teocracia, ou pelo menos ocultado o assunto, mesmo sendo o regime social do seu amado Tibet, e até porque era também o regime do seu odiado Vaticano, o qual aprendeu a detestar entre os Carbonários, quiçá para além da conta. Este é, afinal, o sistema que pode oferecer as melhores soluções éticas e ecologicamente seguras para o mundo que queremos ter no futuro.

Autoridade e Teosofia

A Revista Theosophical Quarterly Magazine, de 1937, em matéria intitulada “Teosofia e Democracia”, assinada por Henry Bedinger Mitchell, afirma que “o Método Teosófico não só reconcilia teocracia e democracia (teocracia, bem entendida, não sacerdotal), como concilia também a relatividade e absolutismo.” Cita também o filósofo francês Jules Lachelier, para quem em tempos “a única forma possível de democracia era a Teocracia”.
Demonstra ainda que a Teosofia tende a afirmar a “suprema autoridade da Verdade”; o princípio está correto, tanto que a Idade de Ouro (Krita Yuga) também é conhecida na Índia como a “Idade da Verdade” (Satya Yuga). Porém, é preciso sempre considerar a questão da interpretação das coisas; “Verdade” pode chegar a ser coisa subjetiva, se não está ligada e métodos corretos de apreensão, uso e divulgação. Verdade como essência ou como fato? Os maus muitas vezes usam “verdades” relativas e “fatcóides” menores para prejudicar os bons e a todos.

Aqui, é preciso observar os grandes amantes de Aletheia ou os buscadores da Verdade, aqueles que têm renunciado à maya ou à falsidade, de modo que terminam por serem porta-vozes mais legítimos da Verdade maior, que é a síntese e a visão mais abrangente das coisas, digna de Deus mesmo. A ponto de alguns Maiores poderem até dizer: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.”
Assim, existem e devem existir também autoridades em matéria de Verdade, sendo esta a grande síntese a ser buscada. Somente deste modo se alcança a unificação das coisas e das pessoas e se forma uma Nação, uma sangha ou comunidade orgânica, pois de outro modo teremos o império do egocentrismo, onde cada um sujeita a “Verdade” ao seu próprio ego, distorcendo sempre as coisas aqui e ali e impedindo a criação de qualquer ordem efetiva, colocando em risco a segurança social e a evolução comum.

H. P. Blavatsky, por exemplo, apesar dos seus limites pessoais, era não obstante (como ainda é) considerada a autoridade máxima dentro do movimento teosófico, não apenas porque foi uma Fundadora, mas porque estava em contato com os Mestres. É isto, pois, o que importa a final: este alinhamento com as Energias sagradas, verdadeiras e puras, que alcança o seu ideal quando a síntese é alcançada através da iluminação, porque aí se supera a dualidade mestre-discípulo na própria realização, dualidade esta tanto mais sujeita a controvérsias, quanto maior for a distância entre as partes. Por tudo isto, é que a neo-teosofista Alice A. Bailey recebeu a tarefa de preparar a manifestação a Hierarquia, o que na prática representa a iluminação dos discípulos dos “Mestres”.
O conhecimento baseado em texto ou livro, incrementa o fundamentalismo (dogmatismo, fanatismo) porque pode fomentar uma visão simplória e literal, porém o caudilhismo também pode fazê-lo. O livro sagrado a ser adorado nas mãos dos mestres, não é tanto um cânone fixado, mas a própria sabedoria viva dos seres realizados.

O problema da “letra morta”, é que mantém muita separatividade entre a pessoa e a espírito-do-texto. Para as pessoas evoluídas e para os “discípulos aceitos”, o ensinamento escrito pode ser de grande utilidade, mas para o leigo ele pode ser até contraproducente, mesmo porque aquele não seguirá o texto, e poderá ser “dar pérolas aos porcos”, daí Jesus falar muitas vezes em parábolas. Comumente, os sacerdotes “diluem” as Escrituras para chegar ao povo. Existe uma tendência natural dos Profetas se dirigirem diretamente aos mais esclarecidos, para então sim, através destes se alcançar o povo, seguindo um preceito de mediação que a própria Hierarquia obedece.
A autoridade também falha e decai, por isto se dividem as Tradições, como Catolicismo e Reforma, Sunismo e Xiismo, Mahayana e Hinayana. Mas sínteses também são, possíveis, e o Vajrayana é um exemplo disto, sendo a sua grande característica precisamente a figura do guru, vital para a realização do ocultismo que prevalece nesta via.

Assim, não há porque querer “reinventar a roda”, basta “recolocá-la em movimento”, como se diz no Oriente, que é a Tradição há muito estabelecido o Tríplice Caminho, configurado por Buda, Dharma e Sanga. Ou seja: Mestre, Ensinamento e Comunidade, o que também podemos, respectivamente, definir como: a Verdade realizada, a Verdade anunciada, e a expectativa da Verdade.

Diplomacia teosófica

É fácil perceber que, como estrangeiros, os fundadores da Sociedade Teosófica estavam numa situação delicada para tratar de política, mas se eles buscaram a América, é porque naquela época as condições políticas deveriam parecer favoráveis. Mesmo assim, a ST teve dificuldades e acabou se sediando na Índia, em função dos seus vínculos filosóficos principais e do próprio peso político que a Sociedade alcançou naquele país, sobretudo em função do ativismo local de Annie Besant durante as lutas de libertação.
Os Estados Unidos têm sido visto como uma “terra de oportunidades” e de liberdade, e foi só mais recentemente que a sua política internacional radicalizou, evoluindo de uma base social e ideológica, para o “imperialismo democrático” denunciado por João Paulo II. As revoluções burguesas ligadas à Maçonaria e outras ordens iluministas, colocaram as bases do Capitalismo no maravilhoso século XIX; e depois que o marxismo começou a frutificar no século XX, o seu anunciado “materialismo dialético” virou um dragão ameaçador de duas cabeças a envolver cada vez mais a Terra nas suas teias, a ponto de quase dividir todo o mundo em duas únicas áreas políticas. Para os interesses norte-americanos, a exótica Índia é um bom parceiro. O acolhimento que a Índia e a os EUA dão aos tibetanos, seguem a mesma diplomacia preventiva. É importante para estes países contarem com a simpatia do povo do Tibet, muito estratégico na região.

No entanto, vivemos nós em outros séculos, o Brasil é uma potência emergente, e a adoção das posições alinhadas não se justifica. Hoje em dia não soa de bom tom afagar os EUA, e a política mundial do século XXI deverá contar com outros agentes, ao menos já não teremos um “materialismo dualista” a querer dividir o cenário. É claro que existe a pretensão dominante do Capitalismo, mas os tempos mostrarão cada vez mais que este tampouco pode ser o caminho. Mesmo com uma tecnologia e um consumismo menos agressivos para o meio-ambiente.
Esta é a grande realidade que toca às novas gerações demonstrar: a necessidade de resgatar os valores profundos da humanidade, que são os valores da Alma, sem contudo afirmar uma dicotomia incabível entre corpo e espírito –de fato, a Alma se destina a fazer esta ponte irisada...

Como afirmans alguns acertadamente, a nova sociedade mundial será “pós-racional”. Porém, cabe discernir o que significa de fato esta condição, para não se recair na negação do irracional ou do pré-racional. Isto não nos dá o direito de negligenciar os parâmetros científicos; mesmo que eles estejam em evolução, já não podemos nos distanciar demais das suas premissas, afinal já se tem muita coisa por bastante certo e seguro, e a Ciência tem avançado no campo metafísico no século XX. É preciso manter um diálogo seguro entre a Filosofia e a Ciência, tendo em vista a síntese, pois de outra forma, a busca por um novo e amplo consenso será tarefa impossível.

O pós-racional, que é o intuitivo, é sim um retorno ao sensível e ao feminino, porém dotado do instrumento da razão. Já não podemos negligenciar a Ciência e a Inteligência, porém colocá-las a serviço do “conhecimento silencioso” de que falam a sabedoria tolteca revelada por Carlos Castañeda. Ou seja, é preciso avançar na busca de uma tecnologia cada vez mais sutil e avançada, e que inclua também os mecanismos da alma e da consciência, tal como são as ciências dos ciclos e das energias.
Com isto, teremos o resgate dos verdadeiros saberes das Escolas Iniciáticas, em torno de sabedorias como a Astrosofia, a Geosofia, a Ascensiologia e a Alquimia espiritual, as quais foram chamadas pelo Marquês de Saint Yves d’Alveydre de “As Quatro Ciências da Agartha”, o Reino do Meio.
Estas Ciências se destinam a equacionar as sínteses iniciáticas do Sendeiro-do-Meio, alcançando a resolução dos seguintes pares de Mistérios no Inventário Dimensional:

Dimensão ....... Dualidade ...... Síntese ........ Ciência .......... Símbolo ........... Elemento

1. TEMPO: Passado/Futuro => ETERNIDADE = Astrosofia ................. Quadrado ......... Ar
2. ESPAÇO: Interior/Exterior => INFINITO = Geosofia ........................ Circumponto .... Terra
3. HIERARQUIA: Superior/Inferior => ILUMINAÇÃO = Ascensiologia . Triângulo asc. .. Fogo
4. GÊNERO: Masculino/Feminino => INICIAÇÃO = Alquimia .............. Triângulo desc. . Água

Tudo isto está representado na simbologia geométrica das mandalas (com suas Portas dos Elementos), e mais objetivamente resumido na geometria das stupas e no símbolo de Teotihuacan.
Através destas Quatro Ciências, é possível resolver todos os desafios do Quarto Reino da Natureza, que é o Reino Humano, hoje no seu ocaso na abertura da última e Sexta raça-raiz ou do Sexto Mundo dos maias-nahuas, a iniciar em 2012.

Teocracias no mundo moderno

Enquanto isto, o Vaticano permanece firme na sua teocracia, embora pregue a Democracia para o resto do mundo. Às vezes até criticam a Democracia imperialista dos EUA, ou declaram que nem sempre a democracia é o melhor regime.
O Dalai Lama afirma, diplomaticamente, que se o seu povo algum dia recuperar o controle do Tibete, um parlamento eleito deveria governar o país; o Dalai Lama ocuparia uma posição religiosa. Ele não tem mesmo muitas opções; diante de um regime tão materialista como o chinês atual, procura para si uma posição simbólica e moral como a da Rainha da Inglaterra, confiante de que os tibetanos ainda darão muita atenção para a espiritualidade.
A única teocracia mais poderosa, politicamente falando, é a dos Aiatolás no Irã, uma teocracia algo surreal, se é mesmo capaz de pensar na bomba atômica, afinal sabemos que os muçulmanos não são menos fanáticos do que os cristãos. Eis uma situação perigosa, porque, embora possa ter algumas legislações sociais eficientes, o Islã não é exatamente uma religião de “paz e amor”.

Não estamos com isto, propondo a adoção de uma teocracia ou algo semelhante neste século XXI, pois as bases sociais ainda não estão maduras para isto. Cabe avançar na organização do país e da nação, em termos nacionalistas fraternais.
A nova Teocracia “perfeita” quando vier, especialmente no bojo da futura Idade de Ouro, deverá ter como pauta maior a defesa profunda do meio-ambiente e a visão de um humanismo superior, assim como a integração da Religião e da Ciência, resultando no Esoterismo ou no resgate da Tradição de Sabedoria.

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