Duas formas de magia primitiva e arcaica merecem destaque aqui: a magia elemental e a magia natural, as quais teriam sido desenvolvidas especialmente no curso deste Sistema Solar e ao longo do presente Globo de evolução respectivamente. A magia elemental por regra aprisionou muitas vezes o primitivo ser humano nos Elementos da Natureza através da magia por ele criada, mas podemos dizer que com o tempo estes espíritos foram sendo liberados através da própria evolução das espécies. Em menor grau a humanidade atual também se vinculou aos reinos naturais em épocas mais recentes.
Longa seria a evolução daqueles que se associaram aos reinos elementais, dizem, porém julgava-se então não haver outra alternativa. “Elementais” é uma categoria precipuamente relacionada ao Reino Mineral. Esta existência de umbral exigiu atravessar outros reinos até o final retorno à condição humana; do reino mineral passaram pelo reino vegetal, pelo reino animal até regressar à humanidade. Na realidade, foi a própria magia que evoluiu através dos reinos, até chegar à espiritualidade moderna.
1. Túmulos mágicos pré-históricos
O culto aos antepassados sempre foi muito forte no passado arcaico e primitivo da humanidade. A variedade de formas ancestrais de sepultamento surpreende cada vez mais os pesquisadores. O vínculo destes túmulos com rochedos ou com árvores não seria casual e nem se limitava a medidas de proteção: um elo mágico com os Elementais da Natureza também seria desta forma buscado. Para a primitiva sabedoria, aquilo que mais importava era alcançar a preservação das suas consciências, mesmo precisando renunciar completamente à sua humanidade a certa altura, pois temia-se que a morte do corpo também poderia ameaçar a continuidade da consciência.
Uma das mais antigas formas mágicas de sepultamento estava relacionada ao reino vegetal. Os cultos às árvores sagradas das culturas celtas possuem nesta crença uma de suas bases tradicionais, porém isto se estendia muito além da Eurásia mundo afora. Atualmente, e à medida em que as grandes árvores da Amazônia têm sido abatidas como um sinal da derrocada final de nossa humanidade, tem se encontrado urnas funerárias ao pé ou dentro das raízes destas árvores centenárias. Muitas destas árvores foram plantadas ainda nos tempos das Conquistas europeias guardando espíritos antigos. A sua derrubada é como destruir a própria alma da Amazônia e da ancestralidade, provocando aquilo que o xamã yanomami Davi Kopenawa anunciou como sendo “a queda do céu”.
Como funcionavam estas antigas práticas funerárias? Escolhia-se inicialmente certas árvores longevas especialmente de grande porte, capazes de viver séculos. Contudo o processo não começava somente depois da morte. A mais sagrada árvore da Amazônia é a Samaúma, que pode durar por 800 anos. As pessoas hoje sabem que a Grande Floresta não é tanto uma criação natural quanto uma construção cultural antrópica, o que elas ainda não compreendem é que não foram apenas as árvores frutíferas que foram intencionalmente disseminadas, mas várias espécies de grande porte foram semeadas por causa da sua simples longevidade. Inadvertidamente isto teve um resultado poderoso também na criação das maiores florestas do planeta, porque as grandes árvores são como Mestres que favorecem a vida, a paz e a abundância para todos sob a sua custódia.
![]() |
Árvore mágica tumular |
Algumas espécies de árvores já estavam previamente relacionadas a certos tipos de pessoas. Em alguns casos a seleção da árvore podia ser realizada através de afinidades particulares, sinalizadas por augúrios ou outros métodos conhecidos pelos xamãs. Não obstante, ainda buscava-se criar laços entre o vegetal e a pessoa que seria sepultada aos seus pés. Em algumas sociedades primitivas pedia-se que a própria pessoa plantasse a sua árvore, para deste modo cativar o seu Elemental. Como as grandes árvores tardam a crescer, elas deveriam ser plantadas cedo e serem bem cuidadas.
Cerimônias e ritos também poderiam ser realizados para aproximar ou sintonizar a consciência da pessoa com o Elemental da árvore, não raro com o auxílio de alucinógenos. De modo que quando a pessoa falecesse houvesse já toda uma empatia entre ambos, e a consciência do falecido poderia passaria a viver no próprio vegetal. A pessoa dormia regularmente junto à árvore e cuidava dela por anos a fio. Aquela era a sua árvore de vida e uma garantia de sua sobrevida. Não era aquilo nenhuma eternidade, mas poderia até decuplicar a existência de um espírito, ampliando assim as suas breves e por vezes trágicas presenças nesta Terra. Supunham alguns até mesmo que, através disto, se aumentariam as chances de um espírito seguir evoluindo, mais do que sujeitando-se a uma precoce extinção. Por esta razão havia árvores que eram tidas como sagradas que em hipótese alguma poderiam ser cortadas.
Ademais todos sabiam o que esperar e o que fazer quando uma Árvore Anciã finalmente tombasse. As suas urnas deveriam ser encontradas e realocadas novamente sob outras árvores, de forma respeitosa e ritualizada. Afinal suponha-se que alguém que mereceu um túmulo nobre deveria ser devidamente respeitado e cultuado. A realocação seria a menor forma de demonstrar tal respeito e consideração. A princípio a origem do morto era secundária, não importava se era desta tribo ou daquela nação, porque todos compartilhavam das mesmas crenças comuns.
Algumas árvores eram destinadas apenas aos xamãs e aos tuxauas ou líderes religiosos. Tais árvores eram então tidas como especiais e consideradas como portais que uniam o céu e a terra, porque se acreditava que os espíritos destes sábios e dos líderes seguiam emanando bêncãos, proteção e orientação para as suas nações. Estas árvores eram como primitivos altares naturais e locais de cultos especiais, onde os vivos se dirigiam em busca de conexão interior e de orientação.
Nem todos receberiam sempre este tipo de privilégio. Digamos que estava mais relacionado a certo processo de iniciação e até a posições sociais. Alguém muito comum ou de caráter inferior poderia ter uma sepultura humilde ou até pedir para ter um destino menos solene -cremado, jogado num rio ou abandonado numa montanha, onde certamente seria devorado pelos animais e suas almas “liberadas” ou simplesmente desfeitas igualmente.
2. Altares mágicos
Naturalmente os elos póstumos que as pessoas viriam a escolher também estava condicionado aos ambientes onde elas vivam. Por isto em locais mais áridos, alguns também pretendiam ligar as suas consciências póstumas a rochas. Isto teria uma vantagem por se tratar de um reino supostamente mais longevo, mas também a desvantagem de ter um Elemental muito primitivo. Mesmo assim as práticas funerárias nos minerais foram muito difundidas. A água não era muito procurada porque exigia um treinamento especial, ficando mais reservada aos xamãs mais poderosos.
Muitas vezes as artes tumulares e a confecção de altares também estiveram intimamente ligados. Altares naturais costumavam ser erigidos juntamente a túmulos de figuras célebres. O culto a um ancestral importante não se limitava a celebrar a sua memória e rememorar os seus feitos. Acreditava-se que a alma de um benfeitor permaneceria no mundo por haver sido sábia e caridosa, e por isto dava-se um cuidado especial ao seu túmulo. Há relatos de que alguns feiticeiros chegaram a usar estes locais de culto deixando-se absorver em suas pedras sagradas para beneficiar-se de maneira vampiresca das pessoas que fossem até lá realizar a sua devoção. Para aquelas sociedades estas não eram apenas crenças vazias e sim experiências vívidas, ainda que certamente tenham se tornado com o tempo apenas uma crença já sem maiores fundamentos.
3. Espíritos Meteorológicos
Naqueles tempos em que a feitiçaria elemental era comum, os mais estranhos pactos também eram realizados. Alguns Espíritos de feiticeiros que se associaram a Elementos evoluíram tornando-a Senhores e comandando outros espíritos elementários. O treinamento começava porém ainda como feiticeiros encarnados, comandando os elementais a seu bel prazer. Por tradição afirma-se que os elementais não possuem uma verdadeira vontade própria, tampouco movem-se por alguma ética específica, por isto podem ser cooptados por um mago para realizar os trabalhos que ele deseje. Já os grandes devas seriam espíritos muito refinados que vivem em lugares maravilhosos por sua própria eleição, estes não se aproximavam de magos comuns.
![]() |
Xamá-pássaro sacrificando pelo controle dos ventos |
Os feiticeiros começaram a trabalhar com os espíritos dos Elementos para tentar afetar a atmosfera do planeta, para este ou para aquele efeito, e para criar ou para destruir. Para controlar os ventos, os xamãs buscavam antes incorporar algum espírito de pássaro porque se imaginava que as aves tinham um grande controle sobre os ventos.
E à medida em que a Magia dos Elementos se consolidava, estes espíritos elementários passaram a ser vistos também como Espíritos Meteorológicos, responsáveis pelos fenômenos naturais. A humanidade começou daí a dialogar e a negociar com tais entidades, ora buscando os seus favores e ora almejando aplacar a sua ira.
Isto era então realizado amiúde através de sacrifícios. O sacrifício de um ser vivo possui certas dimensões mágicas, porém cabe considerar que representa também -a princípio pelo menos- a renúncia a um bem, e portanto um gesto espiritual. Os Espíritos da Natureza apreciam os gestos espirituais, porque isto eleva a humanidade e ajuda a preservar a própria Natureza. E como afirma Levítico 17:11, “a alma da carne está no sangue”, então sacrificar um ser significa -real ou simbolicamente- uma purificação pessoal por associação e transferência, inclusive pela citada oferta de um bem como renuncia em favor de alcançar alguma graça.
LAWS, “A Doutrina Secreta Revelada”.
www.agartha.com.br
Conheça “A Nova Dispensação de Luz da Hierarquia”
Para acessar as Obras da Nova Dispensação clique Aqui. Os conteúdos em formato e-book são disponibilizados gratuitamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário